Eu me despeço, despeço do mundo e do universo, do cosmos e das galáxias, me despeço de você e de mim mesma porque não aguento mais.

Não suporto morrer novamente, já me mataram tantas vezes que se acontecer de novo eu desistirei de ressuscitar meus trapos.

É nojento, desgostoso a forma como chegam e enfiam a faca em mim, a forma como sou queimada na fogueira por ser quem sou, porque ser eu, é ser um pecado, queimo nessa fogueira como lixo inflamável.

Eu deixei de acreditar na vida e em esperança quando essa crença me amarrou em uma fogueira pela primeira vez, sem querer,  sempre acabo resistindo, me iludindo, parece que falta tanta esperança em mim que tento tragar a ilusão de um futuro melhor, e é isso que me sustenta. 
Mas agora, agora clamo, clamo por todas as entidades, oro em todas as religiões, porque meu desespero é eterno, e não sei mais oque fazer com minha existência.

Isso me consome tão lentamente, que depois de tanta tortura, acabo eu mesma com meus restos. 

Eu imploro por misericórdia, me mate, acabe comigo porque não aguento mais essa tortura, você acredita estar me salvando, me ajudando,  mas essa manipulação é apenas o veneno que corre em minhas veias e acaba comigo aos poucos.
Veneno esse você mesmo injetou.

Eu arranco pedaços de mim, abro minha pele e deixo meu sangue sair para ver se pelo menos assim me desintoxico, não funciona .

Estão me envenenando porque amei, e esses de coração frio acham o amor, o próprio crime. 

Eu respiro, e em vez de gás carbônico líbero imundice, cometo pecados por existir.

Você tenta me consertar mas está apenas me deixando vazia, está sugando de canudinho minha alma para ver se assim eu paro de respirar pecado.

Estou tremendo de medo, você consumiu minha coragem, meus ossos doem de pavor de existir, estou arranhando eles com minhas próprias unhas, tentando a todo custo escrever minha despedida, porque duvido que esse papel seja confiável.

Estou duvidando até mesmo do papel, tenho medo dessas folhas manipularem minhas palavras assim como você manipula minha existência. 

Me mate de novo porque prometo que dessa vez não irei fazer massagem cardíaca em meus restos, prometo que desisto, prometo pelas estrelas já mortas que meu ser se cansou. 

Estou prevendo, seu padrão se repetindo, virei um jogo e essa sua brincadeira vai acabar, porque minhas peças estão quebrando, e as que se mantém firme eu mesma irei quebrar, porque juro pelo oque restou de mim que prefiro ir para o lixo, prefiro ser esquecida do que lembrada por você.

-a todos aqueles que em vez de gás carbônico expiram pecado