Noi Soul

Antítese

sou um tempo
no tempo onde tudo é possível
e nada pode dar errado
sou a chave que abre
as portas que ainda nem existem
sou o relógio da vida
em constante contraste
em pleno vigor
da luz que ainda 
nem sequer iluminou

sou a busca indecisa 
da certeza duvidosa
de onde se tiram largas passadas
de um futuro presente
quase sempre aqui
sou o que observa 
aquilo que é observado
enquanto se deixa ser visto
por quase todos os lados

sou a realidade invisível
dos panos que nunca chegaram
a secar sequer as mãos úmidas
da clara escuridão indizível
sou as pernas quebradas
nas mãos do viajor
que vive dentro da casa
em pânico, em pavor

sou o tudo do nada despido
vestido com vestes nuas
imaginando destinos possíveis
enquanto dorme na rua
sou o pastor desorientado
que encontra o monte ao longe
e persegue sem estrada
o destino que se esconde

sou a aversão do avesso
sem quedas, sem acertos
sem vilões e sem tropeços
sou o calor gélido
dos dedos que dançam parados
das mentes que pensam exaustas
dos seios que arfam silentes
das malas, das faunas, das alças

  • Autor: Noi Soul (Offline Offline)
  • Publicado: 20 de Outubro de 2021 18:08
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 18

Comentários1

  • Isabela Rodrigues

    Muito bom! Amei!

    • Noi Soul

      Muito grata por sua preciosa presença. Um abraço 🙂



    Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.