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Memórias
Há algo que palpita nesse estado alerta de medo...
Paranoia se assemelha a uma breve parte desse processo.
Enquanto sumo sem rumo, viajo em desejo, olhando no espelho...
Cada vez mais reflito sobre a imagem inversa em retrocesso...
Meus olhos, sem pupilas se questionam de instante em instante,
"O que é isso que reflete à minha frente, tão distante?"
Não... é uma criança risonha aqui, que adormecia nos cantos,
que um dia fora amada,acolhida, protegida e adorada,
mas que o tempo foi o ladrão, tomando todos os encantos
e deixou a carcaça púdrida de ego e de uma mente atormentada.
Os anos, sim os anos, mataram uma alma sensível e plena,
e resgatou o gelo em forma de vaidade e tristeza, apenas.
Não... aqui há uma face enrugada por anos fugazes de infelicidade.
Não há como evitar que o tempo de outrora fora consumido
pelo fogo do amadurecimento e da amargura, quietos por liberdade.
Fatos se tornam lembranças sem me dar conta do acontecido
É assim que são as coisas, a vida é bruta, fustiga, ensina... é isso!
Então, sou a culpada por não ter lido a dor no sentido omisso.
Aqueles olhos que sonhavam e aquela mente que criava...
Horas passam, as coisas mudam, mas nunca mudam realmente
E, se eu parasse um pouco perceberia que a luz que cintilava
é a mesma que borbulha nos meus olhos atualmente.
Por que deixei a leveza trancada num baú empoeirado,
quando eu deveria trancar a sete chaves as mágoas do passado?
E, se parasse pra refletir, perceberia que o céu nunca mudou
eu é que mudei a maneira de olhar, assim, sou cega.
Aquele mesmo céu foi cenário de um sonho que transformou
A minha existência em inexistência, mas que não nega
Que um mesmo lugar transformou a dor em revolução
E a beleza em catástrofe, mas sem alterar o palco da encenação.
Então eu vou, com a paranoia se transformando em verdade
Suprimindo os gritos euforicos deste insight fremente.
Enfim, recebo o peso dos números, das dores com felicidade,
pois desse peso surgiu uma alma que descobriu ser vivente.
O que sou não é o que criei,e passo a tingir-me da criança risonha
Que revoava sobre os ares com coragem, sem medo dessa vida medonha.
- Autor: A.M.B (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 15 de maio de 2020 19:36
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 45
- Usuários favoritos deste poema: Ernane Bernardo
Comentários1
Belíssimo poema Adriele, parabéns já está nos meus favoritos! Gratidão!
Muito obrigada Ernane! Eu é que fico grata pela sua apreciação. Vi que tem bom gosto haha brincadeira. Vou conferir os seus poemas também, sei que vou encontrar maravilhas. Tenha um bom dia 🙂
Com certeza tenho bom gosto mesmo! rsr
Abraços!
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