Adriele Bernardi

Memórias


Aviso de ausência de Adriele Bernardi
NO

Memórias 

Há algo que palpita nesse estado alerta de medo...
Paranoia se assemelha a uma breve parte desse processo.
Enquanto sumo sem rumo, viajo em desejo, olhando no espelho...
Cada vez mais reflito sobre a imagem inversa em retrocesso...
Meus olhos, sem pupilas se questionam de instante em instante,
"O que é isso que reflete à minha frente, tão distante?"

Não... é uma criança risonha aqui, que adormecia nos cantos,
que um dia fora amada,acolhida, protegida e adorada,
mas que o tempo foi o ladrão, tomando todos os encantos
e deixou a carcaça púdrida de ego e de uma mente atormentada.
Os anos, sim os anos, mataram uma alma sensível e plena,
e resgatou o gelo em forma de vaidade e tristeza, apenas.

Não... aqui há uma face enrugada por anos fugazes de infelicidade.
Não há como evitar que o tempo de outrora fora consumido
pelo fogo do amadurecimento e da amargura, quietos por liberdade.
Fatos se tornam lembranças sem me dar conta do acontecido
É assim que são as coisas, a vida é bruta, fustiga, ensina... é isso!
Então, sou a culpada por não ter lido a dor no sentido omisso.

Aqueles olhos que sonhavam e aquela mente que criava...
Horas passam, as coisas mudam, mas nunca mudam realmente
E, se eu parasse um pouco perceberia que a luz que cintilava
é a mesma que borbulha nos meus olhos atualmente.
Por que deixei a leveza trancada num baú empoeirado,
quando eu deveria trancar a sete chaves as mágoas do passado?

E, se parasse pra refletir, perceberia que o céu nunca mudou
eu é que mudei a maneira de olhar, assim, sou cega.
Aquele mesmo céu foi cenário de um sonho que transformou
A minha existência em inexistência, mas que não nega
Que um mesmo lugar transformou a dor em revolução 
E a beleza em catástrofe, mas sem alterar o palco da encenação.

 


Então eu vou, com a paranoia se transformando em verdade
Suprimindo os gritos euforicos deste insight fremente.
Enfim, recebo o peso dos números, das dores com felicidade,
pois desse peso surgiu uma alma que descobriu ser vivente.
O que sou não é o que criei,e passo a tingir-me da criança risonha

Que revoava sobre os ares com coragem, sem medo dessa vida medonha.

 

  • Autor: A.M.B (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 15 de Maio de 2020 19:36
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 45
  • Usuário favorito deste poema: Ernane Bernardo.

Comentários1

  • Ernane Bernardo

    Belíssimo poema Adriele, parabéns já está nos meus favoritos! Gratidão!

    • Adriele Bernardi

      Muito obrigada Ernane! Eu é que fico grata pela sua apreciação. Vi que tem bom gosto haha brincadeira. Vou conferir os seus poemas também, sei que vou encontrar maravilhas. Tenha um bom dia 🙂

      • Ernane Bernardo

        Com certeza tenho bom gosto mesmo! rsr
        Abraços!



      Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.