DESAGARRE - SE
Sempre existirá alguém observando os movimentos, seu e do seu mundo, alguém que nada diz, e que você nunca vê, alguém que nada sabe de si, mas acha que sabe sobre você ... Daqui desse espaço que ainda ocupo, também eu, vejo, e me pergunto - O que acontece com essa que vejo, curiosa, antes de tudo, nostálgica, melodramática, de olhar profundo como se restasse algo esplêndido à esperar acontecer, agarrada na porta do trem, sentindo chegar o tempo de estacionar e insiste, não quer descer, não quer sentir o seu próprio tempo, tem medo de percorrer seus ciclos, dançar, sorrir, viajar, correr, contar histórias alegres, reanimar quem está caindo, até por fim, se deixar envelhecer. Quem é essa que desiste de se lançar no mundo, se tudo é parte da vida, mas sempre há tempo para do seu jeito, se refazer. Quem é essa alma, presa dentro deste trem que vai e depois volta, todos sobem, descem, e agarrada à cada estação, somente em pensamentos visita, olha, pensa e nem sobe ou quer descer, a porta, ela não solta e ao mesmo tempo em seu egocentrismo ou quiçá loucura, consigo carrega um espelho, não percebe que está invisível como tantos outros, que se sacrificam para serem notados, sem perceber que há muito, o espelho que refletia as primeiras imagens foi pelas dores, quebrado, esse espelho que no lugar daquele, foi colocado, esse não é mágico, nem faz milagres, mostra além do seu corpo, a sua alma, do jeito que é, mostra a sua aflição escondida e nunca a sua aparente calma... e como o primeiro espelho, para trás, foram deixados, não dá para fugir da realidade da vida, seja alegre ou sofrida.
Liduina do Nascimento
- Autor: Liduina do Nascimento (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 9 de outubro de 2021 05:05
- Comentário do autor sobre o poema: Viver enquanto há tempo
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 12
Comentários1
Que reflexão bacana. Um texto consistente e verdadeiro.
Abraços!
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.