Rescaldo

Marçal de Oliveira Huoya

Nas cinzas, no rescaldo,
Ele anda a esmo,
Autômato e embriagado,
Buscando lembranças, 
Entre tudo desmoronado, 
Aqui um brinquedo de criança, 
Ali um porta retratos chamuscado,
Um carrinho, uma boneca,
Um quebra cabeças desmontado,
De uma antiga pinacoteca,
De sensações do passado, 
Telas que já não têm mercado,
São cores agora sem colorido,
É tudo cinza,
Tudo fosco e acinzentado,
Vejo uma foto desfigurada,
Aperto a vista,
Procuro uma pista em meio ao nada,
Uma memória esbranquiçada,
Lembrando você dando risada,
Sigo caminhando em frente,
Buscando restos de um amor,
O entulho ainda está quente,
Fumegante e surpreendente, 
Apontando restos que ela deixou, 
Vigas que já foram mestras,
E sustentavam uma paixão,
Hoje são imagens funestas,
Monumentos pintados de carvão,
Vou passeando pelas ruínas,
Como um trabalhador de minas,
Buscando mais coisas de valor,
Mesmo coisas sem serventia,
Brasas que agora são nostalgia,
Cinzas que são restos de amor,
Souvenirs do dia a dia,
De onde eu vou tirar energia 
Para agora criar e compor...

  • Autor: Vênus (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 8 de outubro de 2021 15:10
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 13
  • Usuários favoritos deste poema: Shmuel
Comentários +

Comentários1

  • Shmuel

    Muito bom! Uma poesia forte, digna de ser favoritada.
    Abraços ao poeta!



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