Débora

tem alguém me ouvindo?

doutor o céu nublado de alguma forma

me lembra o timbre da do coração dele.

descompassado.

arrtimia cardíaca causada pelo clima, talvez.

clima sufocante, quente e amargo.

 

o meu grito é um sufoco

é surdo, morto e rouco

alguém me escuta, doutor?

alguém sequer me ver?

 

a cegueira demente

me apaga da visão dele.

doutor, há vidro naqueles olhos;

há sangue naquela íris;

a pupila, quase não há.

mas eu estava ali, alguém me sente?

 

a luz daqueles lábios me ofusca.

aquelas mãos tão mudas, não me escutam.

aquela pele encardida reluz.

e o meu brilho, não há.

sente meu gosto? alguém me come?

 

alguém me escuta, me nota, me cheira?

alguém me enterra.

eu não pude existir.

não ali.

 

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  • Autor: Débora (Offline Offline)
  • Publicado: 14 de Maio de 2020 19:07
  • Comentário do autor sobre o poema: Mais autorais no Instagram @versosquevoam
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 22


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