Na euforia da loucura inóspita  Percebi que ninguém fala cáspita  E essa rima já está decrépita  Quando os outros falam  Parece tão bonito  Pique de erudito  Mas eu falo soa agressivo  Quer usar poesia de adesivo  Desculpa, estou me questionando Afinal pra que sirvo? Na minha cabeça ninguém por juízo Aviso intensivo persuasivo  Eu posso ser do tipo inofensivo  Massivo obsessivo passivo  Prefiro acreditar que sou coesivo  Estamos repetindo os ciclos  Com essa falta de escrúpulos  Se eu morrer tomara que não haja nada  Depois que acaba o ciclo  Não quero ouvir Deus me trazer de volta  Enquanto fala "volte que eu te reciclo"  Se acabar meu tempo Não quero andar de monociclo  Não me acordem nem se for preciso Eu não ligo pro paraíso  Meu lema um dia já foi  Sirva sem reserva  Mas aí eu acordei  Sempre haverá um Adão e Eva  Um culpado o acusado  Responsável de foder a terra  A proteção do armário  Pode ser precário  Se tentam te arrancar de lá  As pauladas e os chutes vão te derrubar  E fora da sua casca cê vai afundar  O mundo não entende nem o amor  Limitando, militando e julgando  A felicidade do outro  Continua te incomodando  Casais héteros na rua estão se pegando  Se alguém reclama eles defendem  Deixem eles viver  Mas essa pauta não vale se for LGBT  A vida sufocante de se esconder O mundo diz que é errado  Você se sente culpado  Só por ser você  Problemas sociais  Casas sem quintais  Violência nós jornais  As ruas são mais brutais  Dos que os filmes de ação  Temos mais medo da vida  Do que do terror da ficção  A bala não escolhe quem atinge  Mas parece que tem um padrão  Inocentes morrem na mira do fogo  Bandidos sobrevivem  Mas é o cidadão que termina morto  A hipocrisia olha na minha cara  Sorrindo dos meus defeitos  A cada rima ela ri  Me diz que é verdade  Mas questiona  Então porque você não é desse jeito ? Eu solto a caneta em desespero  Será que quem escreveu esse texto  Fui eu mesmo?