Noi Soul

Matemática

Se digo EU não sei quantas vivem em mim
Quantas sou EU? 
O que sou EU?
É um peso
um fardo que me permito carregar
sem culpas
sem dores
sem lamentos
Sou muitas EU
Na verdade, na verdade, repetidas EU
Sou EU minha mãe
sou EU meu pai
sou EU meus irmãos e minhas irmãs
sou EU todos os que cruzei pela estrada que aqui trouxe este singular
único
ousado
intenso
repleto, e nunca pleno,
de EU
de EUs 
de gentes de todas as partes e de todas as paisagens
de cores
de dores
de amores
de flores
de espinhos
de seus próprios comunitários EU
é um jogo sagaz e, à primeira vista, confuso
ser o desfecho singular de uma construção sempre coletiva
ser tudo o que está e o que não está
ser o que deixei e o que absorvi
ser o oposto da contrária regra que diz “Você é você!”
Não, senhores! EU não sou EU.
Sou somas, divisões, multiplicações, diferenças e restos
Restos! Pasmem!
Sou feita de restos de quem veio antes 
e até quem não conhece meus olhos já me transformou
O encontro, esta entidade invisível,
forja o terreno propício e obriga-me a ir além
a não ser apenas o EU que me vendem diariamente
vou fundo
entrego-me, com medo, entrego-me, não ao medo,
entrego-me a estes braços que acolhem as migalhas de mim
e que devolve-me ao meu EU que não é só meu
é do mundo
é da vida
é do instante e do sopro
Sim! Do sopro…
E a condenação por imaginar estas ideias quase incongruentes é esta:
Não ser mais o EU do segundo atrás.

  • Autor: Noi Soul (Offline Offline)
  • Publicado: 25 de Setembro de 2021 15:25
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 7


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.