A casa...

Toky

Piso de madeira molhada
Elétrico como fio desencapado, perigo
Minha contradição colapsa
Eu não sei no que pisar assim.

O quarto cansado de mim
O travesseiro pesado dos meus sonhos
A janela se derrete de mentiras absurdas
O que mais segura você?

Quantos pratos fragmentados na mesa
Parece o quebra-cabeça da minha mente
O mundo não parece girar direito
Eu estou me equilibrando no meio fio.

Perdão pela sala vazia
Desculpe pelo corredor malvado
Sinto muito pelo teto gelado
A água faltou porque escondo de mim.

A sala era meu esconderijo perverso
Me fingia de vaso de flores na estante
Os espinhos deixava no quintal
É minha forma de amar escondido.

Eu subo a escada quebrada
Os degraus me consomem como pilha
Não sei como chegar até você sem ar
Em uma casa de um cômodo, impossível.

Então rouba meus travesseiros afiados
Rasga as cortinas turvas do verão
Assim descubro a chuva que é você
No pátio discreto concreto deserto.

Perdão pela sala escura de dia 
Desculpe pelo corredor sem velas
Sinto muito pelo teto descascado
A água faltou porque escondo de mim.

Entre na casa sem mim adiante, te espero
Ache o meu cheiro nos cantos, está lá
Há parte de mim nos móveis empoeirados
Eu pertenço aos teus pertences, acredite.

Olhe da janela amassada
A casa é fraca, mas eu sou forte
Espia do quintal o jardim amarelado
Eu preciso da tua cor, eu sei.

Então rouba meus travesseiros molhados
Queima eles com teus desejos ácidos
Assim eu me embriago do teu vinho antigo
No pátio discreto concreto deserto.

Perdão pelo corpo despido
Desculpe pelo armário vazio
Sinto muito pelo gosto gelado
Falltou água porque escondo teus beijos.

Perdão pela carta na mesa de centro
Desculpe pelas palavras distorcidas
Sinto muito pela mensagem amassada
O que mais segura você aqui?

  • Autor: Toky (Offline Offline)
  • Publicado: 23 de agosto de 2021 20:48
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 26


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