Eu vejo você de olhos fechados

Às vezes o meu silêncio fala por mim. Em momentos de tristeza, de solidão ou de falta de esperança, o meu silêncio é o porta-voz da minha alma. É ele que anuncia ao mundo que eu estou fraquejando, que eu preciso de você. O meu silêncio por vezes me salva, quando grita por socorro sem verbalizar uma única palavra.

Às vezes o meu grito não diz nada. È um grito vazio, sem consistência, um grito de demência de uma alma despedaçada, uma alma fadada ao desespero. O meu grito vazio reflete o vazio de dias insanos, dias sem planos, sem rumo, de dias tristes.

Às vezes meu riso é um riso doente, um riso demente que esconde lágrimas de dor, da falta de amor que assola meus dias. Um riso qualquer, sem forma, um riso amarelo na escuridão dos meus dias que perderam a alegria.

Às vezes as minhas lágrimas transbordam felicidade. Uma felicidade interior que aflora e chora sem dor. Lágrimas serenas como o sereno na flor que brota na madrugada, que nasce na alvorada de um novo dia, um novo passo, um novo sonho que se realiza e se manifesta em gotas de felicidade através das janelas da alma, os meus olhos.

Às vezes meus dias são dias escuros, dias sem cor, dias de dor como noites sem vida. Dias cheios de despedida, onde falta vontade de encontrar a saída. Às vezes em noites escuras, só encontro conforto quando vejo a luz da lua, porque ela traz esperança na lembrança dos teus olhos brilhantes, que mesmo distantes confortam minha alma.

É o brilho dos teus olhos que ilumina meus sonhos. Por isso eu vejo você mesmo de olhos fechados. Sinto tua presença a quilômetros de distância. Sinto você por perto e vou vencendo o deserto que por vezes assola meus dias, mesmo naqueles que eu estou perdido na multidão.

Jose Fernando Pinto