Lú Galvão

Meu lugar

Meu Lugar

 

Na minha terra tem Laranjeiras

Cacau e mandioca tem por lá

O terreno tem muitas ladeiras

Que  permite vários ângulos contemplar.

 

Da minha terra vejo horizonte

Que desperta brilho no olhar

Enche meu peito de esperança

Ah como é belo esse lugar

 

Desde pequena naqueles caminhos

Andava sem parar

Era só abrir a cancela

Pra liberdade alcançar

 

As estradas tinham chão pilados

As vezes com cascalho a acobertar

Não eram elas as minhas preferidas

Por serem muito simples de trilhar.

 

Gostava mesmo era das trilhas

De Matos e caminhos estreitos

Atravessar pastos

Pular riachos

Como uma boa menina arteira.

 

O dia se passava

O tempo não se media

Era tudo tão intenso

A hora triplicava

E a noite virava dia.

 

Quando a fome chegava

A gente não se apertava

Manga, cacau, laranja e cajú

Seriguela, jabuticaba, coco, acerola

Viravam nosso bom prato de angú.

 

Nosso relógio era o sol

Pela sombra se media

A hora de voltar pra casa

Pra não ter muita agonia.

 

Ao chegar de tardezinha

A sola pequena esperava

Pra tocar ao som do hino

"Menina por onde andava?

O dia inteiro te esperava"

 

Para o dia que valeu a pena

Nem a surra da sola pequena

Tira o brilho de quem rememora

As lembranças de paisagens

Que ficarão do lado de fora

 

O lugar era sem nome

Até a igreja chegar

Nossa Senhora Aparecida

Chegou pra nomear

Aquele pedaço de chão

Que por essa e outras vidas

Carrego no coração.

 

Lu Galvão

  • Autor: Lu Galvão (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 25 de Julho de 2021 20:50
  • Comentário do autor sobre o poema: Memórias físicas e afetivas da minha infância.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 11

Comentários1

  • Shmuel

    Muito lindo! Impossível não viajar nós tempos da sua tenra infância. Um poema no melhor estilo; Casimiro e Gonçalves Dias.
    Parabéns poeta, Lu Galvão.



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