Jessé Ojuara

Madrugar


Aviso de ausência de Jessé Ojuara
NO


 

Ontem o dia preguiçoso, me despertou bem cedinho, feito um erê traquino. Sabes, daquele tipo de menino, que adora aprontar. Num grito alvoroçado, berrou: acorda abestado, chama seu amor para passear.  De logo, fiquei foi puto, mas aceitei a mutreta. 

Pequei a caixa mágica e então pensei no meu amor. Que de pronto respostou, como se participasse da trama. Eita mulher bacana, habita minha cabeça.

Acertos e combinações, vamos forrar o bucho antes, depois dá bom dia ao sol e logo ver seu arrebol sangrar o alvorecer.

Nossa filha estava inquieta, sentia nossa intenção e com abano oferecida, disse nada de despedida, me inclua dentro dessa aventura.

Assim seguimos bem contentes, nós e nossa filhinha, hoje menos cheirosinha, não despertou tanto assédio.

A praia tava deserta, o povo tolo não se dá conta, de sua beleza que espanta.  Eles vivem escravizados. Com medo, pobres coitados, não tem tempo para contemplar o mar no seu quintal. Na Boca como num Rio pleno de beleza  e esplendor. Não quero sair daqui tão cedo. Aqui afugento o medo, dor e frustrações. Cato vidas, sonhos que e ilusões.

Nina fez sua oferenda e Yemanjá aceitou. 

A água estava fria, você quente e tão linda, sentada na areia a nos observar.

De repente uma ventania, como num presságio, a luz do dia começou a mudar. Nuvens cinzas e atrevidas, nos convida a despedida do reino de minha mãe. Elas não conhecem o nosso obstinado desejo de explorar.

Seguimos firmes, contra o vento. Parando, a cada momento, para sua coleta feliz: conchas, pedras, búzios, tudo ornado com experta explicação. Eu ouço sempre atento e adoro aprender com você.

Corvos desfarçados, prenunciam a proximidade da morte. Você tranquila, me acalma: é só uma natural transformação. Podemos ficar com o adorno da morte?. Quem sabe de outra vez. 

Do alto do costão, miramos o firmamento e firmes renovamos nossos votos, com as bençãos de Yemanjá. Respeitamos a natureza, mas enfrentaremos qualquer peleja, no afã de nos amarmos. Pode vim vento, chuvas ou nuvens. Brumas se abram no mar. Nada disso nos domina. Nosso farol e de além mar.

Num buraco de minhoca, onde o tempo dobra, vi o reflexo do meu amor. Como é, de ponta cabeça.

Enroscados com cipós, tecemos sonhos. Senhores que norteiam a vida de quem ama.

O relógio nos despertou e cuspiu seus compromissos. Com garras e dentes. Viramos as costas e desejamos mas, só mas um pouquinho de prazer, luxúria e sonhos.

Foi bom prá você?. Melhor fumar outro cigarro. No passa nada.

Hoje a mamis disse, admitiu, que você é minha namorada. Amei.

Antes da obrigação, que tal uma viagem. Eu, um novo marinheiro, sempre durmo e sonho. Pensei em você, mas foi Nina quem me beijou.

A Betinha me protegeu, durante toda viagem. Gratidão.

Ontem, eu aflito lhe molestei, pensando que  tinha perdido a passagem. Mas já encontrei e isso é bom. Garantia de que hoje, podemos seguir viajando. Guardei na caixa verde, caso me esqueça.

Hoje um novo dia, como será? Caminhadas, coletas, outro lugar?  Não importa quando, nem onde, porquês. Só importa que estejas comigo.

  • Autor: Jessé Ojuara (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 22 de Julho de 2021 06:10
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 7


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.