Sonhos na Boca do Rio

Jessé Ojuara


Aviso de ausência de Jessé Ojuara
NO


 

Uns sussurros inaudíveis
Ou um grito libertador.
Bem sopradas no seu ouvido 
Umas história de amor.
Viajantes solitários,
Só cantando seu louvor.

Nos caminhos que se cruzam,
Depois de uma longa espera.
Eu bem paciente e calmo.
Você uma linda esfera.
E sem cantos, só seu encanto.
Cíclico, doce, uma fera.

Vivemos na horizontal.
O puro plano do amor.
A vertical nos aflige.
Só realidade e dor.
Pode parecer só fuga.
É viagem de condor.

Porque tem realidade,
Que é melhor esquecer.
Já existem alguns sonhos,
Que vale a pena viver.
Ouvir areia cantando,
Como o dia escurecer.

Também andar só juntinho.
Seu nome escrever na praia.
Ver a onda vir apagar,
E quase molhar a saia.
Rimos na beira do mar.
Deixe que o dia caía.

A menina se diverte,
Catando pedra no mar.
Tantas formas diferentes.
Para ela bem explicar.
Algumas leva pra casa,
Para colecionar.

Foi nesse instante sagrado,
Que fizemos nossos votos.
Ungimos nossas cabeças.
De Yemanjá somos devotos.
Com toda graça de Iansã,
E Ogum tem nossos exvotos.

O andarilho sonhador,
Cata cocos consciente.
Será que ele é um louco,
Ou louco é toda gente.
Que lança coco na areia.
Povo tão incoerente.

Um casal tão diferente,
Caminha bem separado.
Ele triste vai na frente.
Ela ameaça o coitado.
Com uns golpes de kung-fu.
Isso é coisa de tarado.

Os noivos apaixonados.
Esperam o sol se pôr.
Vestem roupas diferentes.
Troquem, peço por favor.
A Kessil não viu harmonia,
Na paleta e também na cor.

O mar deixa comovido,
Todo dejeto lançado,
Nas praias como alerta.
Para o homem desgraçado.
Que  desrespeitam a casa,
De Yemanjá e seu legado.

Seguimos nosso caminho.
Tudo bem observando.
Bons ângulos para fotos,
E também cipós catando.
Nós fizemos alguns planos,
E depois desplanejamos.

Morar na Boca do Rio,
Revela a doce Kessil,
A faz sorrir e sonhar.
Ela conhece o Brasil.
Mas ela aqui quer morar.
A sua paixão é sutil.

Na colônia um desejo,
O amigo homenagear.
Nobre pescador Janu.
O seu legado é o mar.
Nuvens negras se formaram.
Mau presságio está no ar.

Uma ligação tão triste.
Interrompeu nosso dia.
A dura realidade,
Nesse momento irradia,
Aflição, dúvida e dor,
Desejo de rebeldia.

Cabeça de geladeira.
Vá enfrentar o sermão.
Eu sempre vou lhe apoiar.
Eu ficarei em oração,
E clamando aos orixás,
Toda sua proteção.

Eles não abandonarão,
Os seus filhos tão amados.
Então darão seu socorro.
Somos entes consagrados.
Com a cabeça ungida,
Nossos corpos são fechados.

A moça triste e feliz.
Entendeu boa armação.
Forjada pelo destino.
Com as graças de Sultão.
Que majestoso bradou,
Não mexe com eles não.

Dissipada essa tormenta.
O casal muito contente.
Refizeram os seus planos.
Então correu diligente.
Para aproveitar a noite.
Era um plano inteligente.

Ela muito alegre e sóbria.
Ele ébrio pela vida.
Tentando só resgatar,
E apagar tanta ferida.
Música, amigos e som.
Alma tão junta e reunida.

Fizeram nova viagem.
Só que em barcos diferentes.
A conexão não se deu.
Eles ficaram descontentes.
Nela só tranquilidade.
Nele sonhos recorrentes.

Novo dia se inaugura.
Todos planos são desfeitos.
Isso faz parte da vida.
Não quero encontrar defeitos
E vamos só relaxar.
Mais um dia com proveitos.

Ela volta pro castelo.
Ele só na fortaleça.
Ambos estão mais seguros.
Só uma ponta de tristeza.
Sonharam em ficar juntos.
Vida e sua malvadeza.

Ela só segue pintando.
Ele verseja maduro.
Crer que tudo vai passar.
Agora está bem seguro
Do amor de sua Kessil.
Ela disse e gritou, eu juro.

Novo dia de esperança.
Será que vão se encontrar.
Ela garante que sim.
Ele prefere esperar.
Que de fato aconteça.
Só não quer mais se frustrar.

  • Autor: Jessé Ojuara (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 12 de julho de 2021 09:03
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 13
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