EXTREMOS

Carlos Lucena

EXTREMOS

Eu sou da base
Eu sou chapéu de palha
Eu sou do chão
Eu não sou burguês
Não sou burguês do pão
Eu não tenho auréola
Eu não tenho resplendor
Eu tenho mãos
Mãos que pecam
Mãos que atestam
O que faço
O que sou.
Meu atestado são calos.
Eu não tenho ouro
Nem louro
Eu tenho couro
Couro curtido . 
Eu sou da base
Eu sou do arado
Sou do sol
Sou do pecado.
Eu não sou burguês
Não sou burguês da igreja
Eu sou a mão que peleja
Por que sou sem nome
Por que tenho fome.
Eu não sou a jóia
Não sou a paranóia
Nervosa da fé camuflada na oração.
Eu sou base
Mas não sou fundamento
Nem sou instrumento
Porque não sou santo
Nem sou do manto
Eu sou do canto
Canto do Sol que nasce
Canto do Sol que morre.
Eu sou a vida que corre
Eu sou a corrida 
Da vida
Eu sou a palma da mão
Eu sou a mão estendida.
Eu não sou a boca que mente
Eu não sou 
o pensamento que cala
Eu não sou oração que fala
Eu não sou a fé que abala
Não tenho olho inocente
Tenho apenas um coração que sente!

  • Autor: Carlos (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 1 de julho de 2021 11:52
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 10


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