Águia x Galinha

Duas aves, dois símbolos e duas imagens.

De um lado a galinha, ave da segurança, do medo, dos pés no chão, nunca para cima.

Do outro a águia, ave do vôo, do desafio, da coragem e da liberdade.

A galinha bica a terra, olho no horizonte, visão turva e defronte, limitada a próxima bicada.

A águia bica o vento, o tempo, o ar e o mar, com visão além do pousar, encherga mais longe do que se pode acreditar.

Enquanto a galinha tem asas e não sabe ultilizar, a águia tem asas para além da tempestade voar e suas presas arrebatar.

A alimentação de uma galinha é milho todos os dias, pouca e concisa, enquanto a águia varia o cardápio de peixe a rato, de lebre a esquilo, de cobra a marmota.

A forma de enfrentarem os intempéries também é interessante, na tempestade enquanto a galinha se esconde cambaleante a águia voa acima da tempestade e se mantem constante até a tempestade passar e ela ao seu habitat voltar.

O fim de ambas é diferente, enquanto a galinha vai a panela descrente a águia chega aos quarenta anos contente, a galinha vê chegar o fim da linha e a águia ressurge sozinha, batendo o bico na penha e arrancando suas garras, ela se desfaz do que resta após depenar suas asas. Se levantando mais forte, nasce novo bico, novas asas e novas garras, para dali viver mais trinta anos e deixar novas marcas.

Quando aos setenta anos a águia encerra sua trajetória, feliz e realizada vê chegar sua hora, com plenitude e atitude como quem viveu o auge de suas virtudes, encerra seus dias após desfrutar da vida e voado em todos os picos, de sol a sol, granizo a granizo, assim termina a águia fazendo valer a pena cada momento vivido.