Talvez a gente não entenda a química exata do primeiro encontro, nem muito menos todo fogo que alimentamos depois dele.
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O tempo certo existe, e tinha que ser aquele domingo de Carnaval. Logo eu que não sou fã, vi meu coração em plena folia, e senti a neblina da quarta feira de cinzas antecipar meu medo e receio.
Vi teu sorriso largo de perto, enquanto misturavamos beijos e brigadeiro. Naquela hora tive certeza que todos os meus próximos sorrisos, seriam seus.
Você ficou, invadiu o meu espaço, adentrou minhas vulnerabilidades, minhas fraquezas, minha bagunça, minha casa, meu quarto, meu coração, e apesar de ter a opção de ir, ficou.
Ficou, voltou, foi...
O meu medo era tão grande que minha única opção pensada foi simplesmente me ofertar de primeira, e pra minha surpresa, o medo já não existia, não aqui, não contigo, não nesse dia.
Te vê abrir a porta e partir foi uma dor precoce, tenebrosa e repentina.
A confusão já se instaurava, e o medo de perder era muito real.
Te escrevi textos, te comprei presentes, imaginei surpresas, sonhei sonhos grandes e o pior: contigo! Mas isso cê não sabe.
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Te busco sempre nos mínimos detalhes, no cheiro do cangote, nas idas ao mercado, na mão firme contra minha cintura, no teu sorriso cavo, na tua barba que amo, no teu jeito calmo de dormir e no teu cheirinho de bom dia.
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Todas as vezes que cê abre a porta e vai embora, meu coração fica de luto, e sempre choro (inclusive choro agora).
Todas as vezes que cê abre a porta e vai embora, eu tenho a triste impressão que cê não volta, e apesar de saber que cê já voltou inúmeras vezes, meu coração não se acostumou com as tuas partidas longas.
Por mim cê pegava suas malas agora e voltava. Por mim cê morava pro resto da vida aqui, em mim, nessa casa, no nosso quarto, sob os nossos colchões e dengos.
Tuas idas dói, o coração aperta, a voz falha, os dedos trabalham como nunca e as lágrimas escorrem até encontrarem o sono, o único capaz de acalentar meu ser.
É maluco pensar numa vida que não tenha você, é louco pensar na hora da comida seu tua companhia, é dolorido separar a toalha do banho e não deixar a tua no banheiro.
Não vai embora.
Não evita me olhar nos olhos.
Não sai sem se despedir com o melhor beijo.
Não evita resolver as coisas quando for preciso.
Tenta.
Arrisca.
Fala.
Reclama.
Faz birra, só não vai embora.
Talvez eu suporte tuas ausências, mas a tua partida é pra mim sinônimo de morte.
E talvez o fogo que alimentamos, queime os trapos que restará de mim.
Não vai embora sem me da teus melhores beijos.
Não agora, não nunca.
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By Mary Aguiar
- Autor: Mary Aguiar (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 17 de junho de 2021 13:12
- Categoria: Amor
- Visualizações: 20
Comentários2
Belíssimo s2
Obrigada
Amor elevado ao infinito. Belo texto poético.
Parabéns!
Que bom que gostou, fique a vontade para vasculhar tudo por ai. Obrigada 🙂
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