TEOSOFIA

Eu preciso me calar 
Para te ouvir
E despir todo meu ser
Num desnudamento  intocável 
Esquecer a carne 
Que afronta 
O  teor do que é palpável 
Para te ver
Eu preciso 
Entrar num transe
Das sensações espirituais
Descalçar os pés
E andar nas lâminas
Para machucar as deliberações carnais.
Pra te ouvir preciso do silêncio absoluto
Tirado do som das harpas
E das melodias angelicais.
Pra te tocar
Eu preciso
Beber na fonte cristalina
Das nuvens
E levitar  na brancura dos cirros
Até que eu passe pelo limiar do sol.
Pra te alcançar
Eu preciso curvar
O dorso
E prostrar - me abandonado
Sobre as penumbras das montanhas 
Inatingíveis dos teus mistérios
E me anular até o nada
Que está em mim.