Paulo Roberto Varuzza

Servidão ao amor


Aviso de ausência de Paulo Roberto Varuzza
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Eu tinha 21 anos e eu estava passando do primeiro para o segundo ano da faculdade quando a conheci, algo me atraiu imediatamente a ela, começamos a sair quase todos os sábados, ao teatro, ao cinema ou a shows. Na época, eu não me apercebi que nossos passeios se davam sempre nos sábados e quase sempre eu não a levava de volta para a casa dela, era comum deixa-la na casa da prima dela, à qual eu me aproximei bastante e conversávamos muito, até com a mãe dela, que era uma pessoa agradabilíssima, eu interagi bastante. Logo na primeira vez que saímos para irmos ao teatro, ela me disse “não me venha com a conversa de gostar de mim, se vier com essa lenga-lenga a brincadeira acaba”, eu fiquei muito triste, porque um broto de amor por ela já tinha despontado em meu coração e assim eu fiquei escravo dela, só pensava nela e no que ela me havia dito. Aquele ano foi horrível, na faculdade eu não conseguia fazer nada, em resumo, perdi aquele ano, porque eu só pensava nela, eu não tinha “cabeça” para pensar em outra coisa, a não ser nela. Fiz a ela várias e várias confissões de amor, mas ela não me “adotava” e eu sempre lá, disposto a servi-la, sempre com um sorriso nos lábios. Nunca a toquei, nem em sonhos; nunca reparei na sua roupa, só no  seu rosto, nos seus cabelos e na sua boca, que nunca sorriu para mim. Ela mesma me recomendou que eu lesse “Servidão Humana”, do W. Somerset Maugham, foi uma “dica” dela para eu me afastar dela, mas na época eu, cego pelo amor, não entendi e continuei a servi-la, até que, num belo dia, numa segunda-feira, no portão da minha casa, ela, acompanhada, entregou-me um bilhete onde ela dizia para eu a não procurar mais. Meu mundo desabou. Mas, graças a ela e seu sempre distanciamento de mim é que, frequentando o grêmio da faculdade, eu conheci a minha esposa, que trabalhava lá, e estamos casados há 39 anos e ela saiu da minha vida para sempre. No começo, em seguida ao seu adeus, eu chegava a “matar” aulas, ir de ônibus até onde eu achava que ela estaria, só para vê-la, mas eu nunca a vi. Que falta que me fizeram as aulas que eu “matei”, mas foi o preço que eu paguei pela liberdade. Espero que ela tenha tido uma vida feliz, nada mais posso desejar a uma garota (na época ela tinha 18 anos) que eu tanto amei.

  • Autor: Toio Varuzza (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 17 de Maio de 2021 21:18
  • Categoria: Conto
  • Visualizações: 5


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