Mas não se preocupe comigo
seja lá onde quer que eu for
afinal de contas sou poeta
e poeta, vive da dor
Poeta cavalga a tristeza
poeta doma o furor
poeta navega em lágrimas
poeta abraça o temor
Como poeta, sou um mago
como poeta, sou artesão
que transforma em obra prima
o que era um bloco de decepção
Como poeta, sou como a ostra
produzo pérola ao ser ferido
como poeta, me inspiro na lótus
floresço em pântano decaído
Como poeta, admiro a gigoga
cresço em lago poluído
como poeta, me inspiro no cacto
me fortaleço em deserto aguerrido
Mas não pense que eu não sofra
ou que eu seja imune ao horror
é que nasci para ser poeta
e poeta, flerta com a dor...
- Autor: Wendel Xavier (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 4 de maio de 2021 11:27
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 16
- Usuários favoritos deste poema: Danilo C. Bussolar
Comentários3
Lindo poema, ilustra bem a capacidade do poeta de versificar a angústia. Abraço!
..."Mas não pense que eu não sofra
ou que eu seja imune ao horror
é que nasci para ser poeta
e poeta, flerta com a dor"...
Um poema bem muito bem construído. Me vi em seus versos.
Abraços,
Verdade amigo, " poeta flerta com a dor" e já dizia Pessoa que ele é um fingi- dor. A separação silabica é minha. Belo poema!
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