Eu não gosto desse espelho.
Que me mostra o que não quero.
O que gosto ou admiro.
Que não reflete o que espero.
O que exulto, o que aspiro.
Beleza nenhuma exprime.
Que furta o que mais venero.
O que mostra me oprime.
Pragmático e sincero.
Eu não gosto desse espelho.
Reluzente, refletivo.
Que parece inteligente.
Mas tão pouco criativo.
Matéria bruta indolente.
Que agrada tão somente.
Ao tolo contemplativo.
Expectador impassivo.
Speculum indiferente.
Eu não gosto desse espelho.
De aspecto desgastado.
Que as vezes se apresenta.
Alegre e dissimulado.
Que nada a mim acrescenta.
De ângulo tão limitado.
Que a mentira representa.
Tão soturna vestimenta.
Manipulador malvado.
- Autor: Victor Severo ( Offline)
- Publicado: 28 de abril de 2021 16:45
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 22
Comentários1
Bem verdade,poeta,a gente tende a culpabilizar o espelho...mas com qual olho nos vemos nele? É que dizer de agora nos vermos no espelho...mascarados! Onde perdemos nossa face? Seu poema tem muitas qualidades clássicas. Aplausos!
Obrigado sempre cara Maria Dorta, fico muito feliz que tenhas gostado.
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