Amor em tempo de epidemia

Alberto Neto

 

Não pode abraçar seu pai
não pode beijar sua mãe
muito menos se aproximar
de seus avós, isso
tudo em um ato de amor

Minha musa,
não posso te beijar
a boca ou a mão
mas ainda entrego-lhe
uma oração
de todo o coração

Jantar no restaurante italiano
um passeio pela orla
apreciando o poente,
de repente tudo diferente
transferimos
para outro ano
tudo bem desde
que não espirremos

Aqui na rua teve casamento
semana passada Grenal
na praça se reuniram bovinos
gritando:

!Mito, Mito, Mito, Mito!

Hoje meus irmãos
foram no Zaffari
encontraram o mercado
lotado de idosos
comprando toneladas
de papel higienico,
carvão e muita carne

Gaúcho busca mantimentos
somente o nescessário para
manter um acampamento,
ainda nem é semana farroupilha

E a Record se comporta como
se o vírus não existisse
Edir e Jair desafiam o bom senso
aglomeram seu gado
em ambientes hermeticos

Amor lhe entrego
flores de plástico
regadas a álcool
setenta por cento
aromatizadas
com odor de lavanda

Nossas fronteiras continuam abertas
cidadãos que a décadas não voltavam
pedem auxílio imediato
como diz a letra daquela música
"É sempre carnaval no Brasil"
__________________________________________
Alberto Neto (_Autor Lírico)

  • Autor: Autor Lírico (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 17 de março de 2020 20:54
  • Categoria: sociopolitico
  • Visualizações: 41
Comentários +

Comentários2

  • Isabela Fenix

    Hahahahahahahahahahahaha, gostei!

    • Alberto Neto

      Obrigado, Isabela
      Sarcasmo é algo que sempre ajuda
      a lidar com situações absurdas

      • Isabela Fenix

        Isso é verdade, sarcasmo é bommm! Kkk

      • Gislaine Oliveira

        Palmas pra você! Fenomenal...



      Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.