Paulo Roberto Varuzza

Cupidos


Aviso de ausência de Paulo Roberto Varuzza
NO

Fugindo das flechas com pontas de ouro em formato de figa,

Que os navegantes portugueses disparavam sobre mim,

Usando arcos que eles roubaram dos índios apaches na Amazônia,

Eu entrei correndo numa caverna onde havia um urso hibernando

Que, com o barulho, acordou

E ele me disse: Fernando (ele sabia o meu nome) tome cuidado

Com as flechas dos portugueses alados e com ela,

Apontando para um retrato no chão,

Ele deve ter visto o retrato dela pela janela da caverna

Que eu deixei cair enquanto corria das flechas.

Portugueses alados?

Mas do alto da boleia de sua caravela os navegantes portugueses

Sacaram as suas espadas sem fio e mergulharam numa cisterna,

Alimentada pelo rio em que navegava a caravela,

Com água misturada com o sangue dela que havia por ali

E não encontraram o coração dela que fugia das flechas também,

Mas acharam uma pequena flor do amor na beira da cisterna

E a queriam vender por um vintém por pétala,

Senão enfeitariam a ala da solidão de sua caravela com a pequena flor,

Num vaso, ao lado da vela em frente a um oratório

De onde tiravam o óleo com o qual ungiam as flechas para que elas não fossem fatais,

Mesmo sabendo disso o coração dela,

Pulou da cisterna, pisou na flor e correu mais e mais,

Para que as flechas não o alcançassem,

Mas, mesmo dentro da caverna, uma flecha me atingiu

E a figa de ouro atravessou o meu coração que rugiu de dor

Pelo amor por ela que nasceu nele naquele instante,

Não obstante, nenhuma flecha atingiu o coração dela,

Que simplesmente roubou a caravela, soprou na vela e se foi

E eu fiquei só, consolado pelo urso e pelos portugueses alados,

Pois foram ultrajados por um coração que fugiu do amor.

  • Autor: Toio Varuzza (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 22 de Abril de 2021 02:08
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 5


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.