Disse o Direito à Justiça:
Sou reto,
Se tu fores justa;
Sou certo,
Se não te entortares
E dares
Um passo incerto
Que prejudique outrem;
Sou reagente
E ativo,
Às vezes criativo,
Mas me atento
Aos fatos,
Pois depende
De mim,
A defesa
De um inocente.
Muitas vezes, senhora,
É notório,
Faltares à hora
De proveres justiça,
Todavia, eu, o Direito,
Se falho, morro
Como defensor,
E mato a defesa
De quem a mim recorreu.
Nada me agride
Na mais árdua líde,
Pois não me dobro
À custa
De injustiça
Se a mim,
Alguém recorre,
E de pronto observo
Que não dorme,
Pois como dizem:
O Direito
Não socorre
A quem dorme.
Logo o socorro.
A Justiça
A si própria basta.
Não deve
Se limitar
A voz alguma ouvir,
Que não seja
A propria voz sua!...
Fica patente
O erro grasso
Que a enxovalha
E a avilta,
Se dobrar
A pressões
Quais sejam
Do burburinho
Das ruas,
Que no seu
Colo cair,
Pois tem o dever
De se afastar
Do que não se relaciona
Com os preceitos
Da lei
Que demanda
O bom Direito,
A boa Justiça.
De resto,
Me presto
A ser
O que sempre fui:
O Direito
Na essência
Mais pura
Do Direito.
Qual seja;
Prestar irrestrito
Apoio a quem
De mim precisar,
Sem ser tartatuga,
Ou demasiado apresadinho.
Tu, distinta dama,
Que da perfeição
Muitas vezes destoas:
Sendo às vezes surda,
Às vezes cega
E às vezes muda
Aos apelos
Dos injustiçados ,
Inda assim,
Se ortoga
A guardiã da lei,
Defensora da justiça,
E em intrigadas liças
Quando eu humanizo
O cidadão,
Dando-lhe o direto
À presunção de inocência,
Lhe prestando
Assistência jurídica,
Por ser sujeito
Titular de direitos
E deveres,
O desumanizas,
Como se esse fosse
Um ser destituído
De humanidade,
Inimigo do Estado,
A quem voltas
O aparato judicial
Em ação persecutória,
Negando-lhe todos
Os direitos
Personalissimos e sociais
Que a Constituição
Lhe garante
Em determinados
Desideratos judiciais
Quando não apresentas
Provas, mesmo assim,
Ao revés,
Ao réu condenas
Quando qual lebre,
Corres a atropelar
Prazos recursais
Para chegares, senhora,
Sem muita demora,
Ao resultado desejado,
O mais das vezes,
Passando processos judiciais
À frente
Dos demais,
Pois aquele em especial
Estava pré-determinado
Para julgamento
Em tempo hábil,
Conforme o desiderato traçado!
Eu, o Direito ,
Não estou sujeito
A pressão
Qual seja.
Sou reto,
Se for
A Justiça
Reta;
Sou correto,
Se decerto,
Te ajustares
E te limitares
À aplicação
Da justiça
Isenta e imparcial!
- Autor: Poeta (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 17 de abril de 2021 11:08
- Comentário do autor sobre o poema: Classifiquei este poena como Especial, por fazer parte do livro que estou concluindo : A Justiça Sob Ponto de Interrogação
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 19
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