Na noite, ela veio

Ela veio. E a noite havia apenas começado. O luar ainda beirava as margens da lagoa, se quer chegava nas pedras, mas vinha. Tive uma sensação estranha, o sulfúrico queimando, agoniante reclusão ao falar. Quem disse que ela aproximaria, errou. Nem conheço seu cheiro. Mas, ainda sim, toco seus cabelos.

Ah... Na primeira vez foi extraordinário! Meu coração pulava entre os espaços da costela, apertava meu pulmão e beijava cada gotícula sanguínea. Sim, longe ela me teve. Entretanto, o dia ainda não chegara. Era um sonho, a noite escancarava as estrelas, na janela sua branca luz eu amava.

Ela também me ama, sei e não quero acordar. Mesmo que apodrecido o corpo exterior ficar. Afogando a razão num louco amor invisível, tendo-vos para sempre intransponível. Vocacionado eternamente ao decisivo. Entregando-me a ela, que veio.