Crônica da vida hoje

Abel Ribeiro


Aviso de ausência de Abel Ribeiro
NO

As coisas e objetos só tem sentido com o sentido que damos a elas. Nesses dias longos de aflição e ansiedade vão surgindo novas necessidades. As mãos, os pés, a cabeça, os olhos, o corpo são elementos naturais e sociais que vão se adaptando. Será que Darwin tinha razão? Desejamos sempre pegar, andar, pensar, ver, falar como forma de associar nosso desejo a nossa vontade. Queremos sair, mas não podemos, a vontade é moldada pela necessidade. A nossa angústia não nos faz perceber muitas vezes que o cotidiano entrou em crise e que ficar em casa passou a ser obrigação.

Interrogações múltiplas vão surgindo. Ora um apelo ao metafísico, ora ao físico, ora ao futuro. Porque tô preso? Não sou culpado? Então, de quem é a culpa? Do homem enclausurado? Se o vírus é uma mutação da natureza, forte e imprevisível, parece então impossível que essa pequena fortaleza seja uma produção natural, então vamos viver pra crer.

Alguém se indaga em algum lugar:..

“Acho que tem dedo humano nessa história...”,

Guardemos na memória e lembremo-nos de cada detalhe do que estamos passando. Essa é a certeza que temos, vai passar! Doenças também são produtos da sociabilidade envolta das desigualdades históricas que há séculos não se alteram e formam a dinâmica da vida em grupo. Não é algo transcendente.

E morcego no meio da culpa. Sozinho! Mas é injusto torná-lo o ator principal. O homo sapiens tem culpa no cartório. Batman esconde por trás da máscara um "herói" de mentira e que não é tão especial, combate o "mal" num mundo tão anormal que até ontem estava matando o mundo animal de formam brutal. Tem gente se espantando com o aparecimento da flora e da fauna em alguns lugares. Lembraram do clima? Do aquecimento global? Hummm!

Esse polissémico e invisível C19  escangalhou o mundo, o capitalismo tá quebrando a cabeça. Antes que eu me esqueça, as fortunas viraram pó sem o consumo, mercadorias perderam o valor e os mais ricos do mundo ficaram  moribundos. Eles também perderam parentes e irmãos. Desculpem! Mas o dinheiro não comprou. A dimensão suicida da ignorância deu lugar a dor.

Mesmo aquele homem branco, adulto, branco de cabelo desarrumado que governa um país da Europa se quebrou perante o pequenino. Não há Golias, ele tem sido o Davi, tamanho não é documento. Nesse momento que escrevo não sei se devo, mas me atrevo a dizer que há muitas vidas em jogo. É por isso que o país do futebol parou a partida, mas a verborragia suicida do seu presidente continua aquecida e um tanto homicida. Será que o promíscuo lucro não tem culpa?    

Que mundo é esse? Já tinha visto alguns filmes parecidos. A gente sempre acha que nunca vai acontecer conosco, ficção virou realidade! Não sei, mas na minha tenra idade, a vida é tudo. E quem não gosta de viver? Mesmo sabendo que um dia vamos morrer prolongar a data é sempre a medida mais sensata, por isso que o jeito é escrever.

“A vida só é possível reinventada”

Abel

  • Autor: Abel (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 26 de abril de 2020 18:25
  • Categoria: Sociopolítico
  • Visualizações: 11
Comentários +

Comentários1

  • Marcos Galvão

    Muito lindo!

    • Abel Ribeiro

      Obrigado querido, e vamos vivendo...



    Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.