Jucklin Celestino Filho

HÁ RAPOSAS QUE AMBICIONAM GALINHAS DE OURO

--  Saudoso irmão Herbito, quantas vezes  você me disse    para acreditar nos homens com uma certa cautela:  um olho no padre e outro na missa , e redobrado cuidado para não baixar a guarda, pois estamos ante uma selva do querer mais e mais amealhar riqueza, onde algumas pessoas que nos pareciam de boa índole, de comportamento exemplar, de repente, podiam se  transformar  em feras sedentas de sangue , quando a questão envolvia grana.Eu balançava a cabeça.Tolo acreditava inteiramente na bondade humana.

-- Querido mano, como você estava certo...Há, de fato, uma selva do salva-se quem puder, onde os chamados seres humanos,  são os piores animais dessa imensa selva -- feras, convivendo entre feras. 

0 bicho homem, é o único animal  que mata por prazer, por sadismo, por motivos os mais torpes. 

Infame sobre todos os sentidos, o homem é  capaz de dizimar a própria  família  por causa de dinheiro.E se esganiçar pelos despojos dos de cujos. O único animal capaz de trair o melhor amigo, dando-lhe uma punhalada pelas costas, quando a questão envolve poder, riqueza, prestígio. 

O homem é o único animal que maltrata a sua  fêmea. Único animal ambicioso, que não  mede esforço para alcançar seus objetivos escusos,  quando com golpes traiçoeiros não se importa  de passar por  cima dos próprios  pais e dos próprios  irmãos, contudo,  que saia vencedor na sua malsinada empresa de angariar fortuna. 

O homem que às vezes se apresenta bonzinho, bem comportado, cordato,  é  o lobo em pele de cordeiro, a raposa que ambiciona galinhas de ouro , um carcará sanguenolento  movido a paixões e caprichos; movido à arrogância, prepotência e desembestada vaidade;  movido a orgulho e exibionismo, espírito revanchista,   divisionista, ganancioso e toda sorte de crueldade, trazendo em si arraigado um ódio visceral  que baba, que enlouquece, que  embrutece,  por que se achar superior aos outros quando nomeia gratuitamente pessoas, ou determinada  categoria , para ser seu inimigo, e contra os quais, volta as armas mais miserandas possíveis.

É   o único animal que habita a terra,  que por  interesse, por mesquinharia, por poder, age no afã de conquistar mais e mais o vil metal, passando por cima de quem estiver no seu caminho;  miserável, provoca a guerra, causando  dor, destruição e mortes , tudo apenas  pra demonstrar  supremacia entre Nações: Quem pode mais. Quem mais estragos causará ao outro.

O lobo lobo, não o "homem, lobo do homem, " quer a paz. Quer harmonia.Não faz a guerra.Não rouba. Não  atraiçoa. Não trama na surdina  golpes. Não trai o amigo para lhe tomar a mulher, a não ser  que ela seja uma bela loba a quem disputa o amor, pelejando licitamente contra feroz lobo o direito de ficar  com a loba, e o faz , de maneira decente, sem apelar para golpes rastaqueiros,  tão  afeitos aos seres humanos,  animais frios, calculistas, traiçoeiros, que na ânsia de juntarem tesouros na terra, não  avaliam que a vida é tão efêmera, que a morte chega sorrateiramente e, num átimo  de segundo, bate à porta do rico, do nobre, do plebeu, do mendigo, do pobre.

É  uma cruel realidade, da qual não se pode fugir, a visita da sinitra entidade de além-túmulo a toda criatura, sem fazer seleção de triagem.

Sei que estou sujeito a paixões e  caprichos, pois errar é humano. Só não o é, continuar errando e,  não abrir mão dos ilicitos  proveitos que o benefiaram, e que continuam  a produzir frutos maléficos contra  outrem.E mais agravante, quando envolve pais de familia, trazendo consequências  danosas para seus familiares. Quem lhes pagará,  pelos inúmeros prejuízos?

O homem é  o pior animal que habita a terra, porque raciocina e premedita praticar maldades contra o próximo, diferentemente da raposa, que astutamente rouba galinhas, para saciar a fome, nunca por vingança, ou  com o fito de prejudicar o dono do galinheiro.

Por não ter maldade, não teme que a roda que gira o mundo, lhe venha fustigar o lombo.

Conhecemos os hábitos nefastos dessas deletérias criaturas, serpentes  enlouquecidas  de ódio contra outrem,  cobras peçonhentas que destilam  veneno, aguçam sua índole perversa; nada mais do que doença, fetiche , tara,  maldade. Ferram alguém, não se dando conta,  que podem ser também ferrados; é que, o feitiço sempre se volta contra o feticeiro. E se quem sempre foi, e está ainda sendo ainda agredido, resolver revidar? Sei não!...Vira um pandemônio na "Casa de Noca".E atentem que há muitas fissuras na casa mal-assombrada, enormes  brechas  no muro do outro lado, indisfarçáveis rombos , a não ser cortar na própria carne  a fim de aparar as arestas. 

Criado o impasse, cabe ao Senhor Deus deliberar o que pode acontecer... E nesse diapasão, onde impera egoísmo, vaidade e interesses mesquinhos, crueldade na pretensão de afastar o outro da mesma esfera a que acha sua por direito, nada mais é, do que  interesses privados -- a vaidade de outorga-se demasiada importância!  Pra quê ? Pra nada.

A morte, senhora  impiedosa e implacável, que a tudo castiga e consome, afasta da vida inapelavelmente,  a toda  criatura. 

Dias desses , deparamos uma situação confrangedora, que nos remete ao receio de abrirmos o e-mail  corporativo da Sefaz /Ba e termos mais uma  notícia que  entistece-nos sobremaneira : a morte de algum colega Agentes de Tributos  ou Auditor Fiscal , com quem tivemos o prazer de trabalhar, e acima de tudo, tivemos um bom relacionamento  de amizade.Mas, aos que pregam cisão em nosso meio, isso pouco importa.

É a vida ensinando: não adianta nadar sobre um rio de ouro e colher as pepitas douradas, se nada levamos para o túmulo!

Salvador, 5 de março 2021

Jucklin Celestino Filho 

 

 

  • Autor: Poeta (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 5 de Março de 2021 11:49
  • Categoria: Carta
  • Visualizações: 50


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