Meia Noite e Um

Marçal de Oliveira Huoya

Até a meia noite e um,
Esperei,
Com um relógio comum,
Mas não houve sinal algum,
Da sua lembrança,
Ou do seu cuidado,
Só um silêncio indelicado,
Em misturar alhos com bugalhos,
O verdadeiro ato falho,
Um vento parado,
Flores caídas no chão,
Rosas sem nenhuma serventia,
Largadas na minha mão,
Restos de inacabadas poesias,
Rascunhos sem servidão,
Arco íris envergonhado,
Só e desacompanhado,
Sua única cor é o rubor,
Sangue sem nenhuma dor,
De uma constrangida sensação,
De um sentimento sem jeito,
De estar sem teto e sem chão,
Sem a mínima noção,
Debruçado em um parapeito,
Pensativo, aturdido pela decepção,
A natureza pede desculpas,
Pois não foi sua culpa,
Do dia não ter amanhecido,
A noite não ter anoitecido,
Um poema curto sem inspiração,
Estrela fria sem emoção,
Escuridão de um breu entristecido,
Onde não se ouve sequer um ruído,
Nem vida, nem grilos, nem passarada,
O cheiro de terra molhada,
Um sorriso meio sentido,
Torna tudo mais divertido,
A sensação de não sentir mais nada...

  • Autor: Vênus (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 28 de fevereiro de 2021 18:42
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 22
Comentários +

Comentários2

  • Shmuel

    O ato da espera com o perigo iminente da ausência, nos causam a decepção. Então aos nossos olhos, a natureza parece não corresponder. Mas é só uma falsa sensação. Belo poema, poeta, Marçal de Oliveira Huoya.

  • lucita

    Você é um dos poetas da página que causa frisson ler...



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