Alberto dos Anjos Costa

SEPULTAR DE ILUSÕES

Espectros em amálgamas pérfidas,

solapam ilusões quiméricas,

por ciladas que se elevam lépidas,

no embate de ações tétricas!

 

Devaneios alteiam-se intrusos,

na quietude silente em brandura;

cingindo refletir obtuso,

na introspecção que agora vislumbra!

 

Vertigens vesânicas recrescem,

ações estertorantes figadais;

soçobram ímpetos e arrefecem,

o viço em rompantes temporais!

 

Dores alçam-se profusas,

em apatias e prosternação difusas,

obliterando vontades reclusas,

pela pandemia que tanto assusta!

 

A verve que foi inumada,

fomenta letargia e oclusão!

A vida morrediça e quebrantada,

susta esperanças; denegando a emoção!

 

Cáustica pandemia beligerante,

de temores e aflições subsidiárias,

de suplícios apavorantes,

e de incertezas incendiárias!

 

O isolamento ancorando a solidão,

metamorfoseando-se em dores!

O repulsivo tormento em amplidão,

cinge o nefasto em olhares estertores!

 

Abismais medos em consistência,

a mostrar nossa vulnerabilidade,

pondo a reflexão em evidência,

de sermos um sopro de brevidade.

 

Perniciosas fobias em privacidade,

incitando segregação epidêmica,

tratando a velhice com perversidade,

por algozes neuroses sistêmicas.

 

Ah! Esperança vivificante,

que rejubila e rejuvenesce,

destitua  essa dúvida angustiante,

do minaz contágio que nos falece!

 

Como castigo por nossas ações,

o vírus  se eleva copioso,

contaminando corações,

tornando-se um réu insidioso.

 

Seria uma provação?

Por sermos confessos predadores,

criando nódoas e azedume!

Quiçá, por sermos conscientes destruidores,

vertendo ódios em costume!

 

Tantas iniquidades inescrupulosas,

de humanos sem humanidade;

em ações tão ardilosas,

requintadas pela crueldade!

 

Deveras prostituídos,

por egoísmos e futilidades!

Sentimo-nos confrangidos,

por olvidarmos da fraternidade!

 

Inerentes vaidades!

Presunçosa! Convencida!

Soberba em disfarce!

Vaidades consumidas,

pelo individualismo em enlace!

 

Vaidades! Sempre vaidades!

Recônditas em nosso ser,

vamos fingindo em castidade,

logrando a vida sem a conhecer!

 

Oh, ambições!

Desprezíveis e necessárias!

Idealizadora de ações,

instigantes e arbitrárias!

 

Somos seres insaciáveis;

no afã de ter sempre mais!

As conquistas inadiáveis,

deixam-nos brutos animais!

 

Se o homem é a imagem de Deus,

alguma coisa está errada,

pois, não é possível que filhos seus,

tenham a perversidade em sua jornada!

 

Somos poeira,

escamoteando a humildade,

grãos de areia,

introduzindo tempestades!

 

Moléculas em sopro,

perdendo o elo,

somos indoutos,

desperdiçando o belo!

 

Somos o passado,

presente e futuro;

primor marcado,

empossando o impuro!

 

Lépida brisa,

em telúrico passeio,

formando ventania,

no paraíso em esteio!

 

Somos estrelas,

nascendo e morrendo,

vontades guerreiras,

que o tempo vai vencendo!

 

Oh, morte! Que tudo finda!

Que nos exime de toda culpa!

Ensina-nos, que a vida ainda;

é perseverança até o fim da luta!

 

A vida é uma plêiade de estrelas;

de ígneas sensações em ardor!

A pandemia veio voraz e sorrateira,

adornando a morte e içando a dor!

 

Vivenciaremos instantes funestos,

que despertarão lágrimas e temores!

O vírus em seu invisível gesto,

empossou  incertezas e dissabores!

 

Quantas ilusões sepultadas!

Quantos desejos subtraídos!

Quantas quimeras encerradas!

Quantos sonhos rescindidos!

 

Oh, vírus que nos aflige,

deixando-nos mudo de estupor;

infecção que nos inflige,

ingente açoite em furor!

 

Oh! Heróis que sucumbem,

pelo contágio que se difunde!

A pandemia se incumbe,

de promover cortejos fúnebres!

 

Muitos serão os escolhidos,

dentre séquitos de atores!

Muitos óbitos serão assistidos,

suscitando desgraça e estertores!

 

Quanta falta de empatia,

de um governo em deboche,

para ele a morte é a garantia,

de que alguns não tiveram sorte.

 

Quanta discriminação aviltante,

para pessoas em avançada idade,

muitos  dizem  que já viveram o bastante,

e de que a morte faz parte da interinidade.

 

Oh, vírus! Revelastes o desumano,

em nossa própria espécie!

Mostrastes egoísmos e o modo insano,

em gélidos corações que embrutecem!

 

Desventuras abraçam o isolamento,

com a pútrida ação contra o idoso,

que sente o travo do confinamento,

pelo desprezo tão doloroso!

 

Injustiças! Quantas injustiças!

O mundo já fomentou!

Esperanças morrediças,

pelo desamor que se alastrou!

 

Nesse sistema de hipocrisias,

onde a indignidade é o deslumbre!

Solapa a sapiência e a põe  em paralisia;

excitando o insano que a transfunde!

 

Como posso não me impactar com a pandemia!

Se a morte nos observa noite e dia!

Como posso não me sentir destroçado!

Se o que vejo é o alento sendo derrotado!

 

Oh! Quanta insegurança,

num trilhar cáustico e pungente!

O dia a dia com a esperança,

traz o coração sempre contente!

 

Oh! Imperdoável engodo;

em um mundo dividido!

Este paraíso é um todo!

O amor é decisivo!

 

Túmulos erigidos pela virulência,

mostram-nos como somos fragilizados!

Consternados ratificamos em penitência,

de que nosso pedantismo é inadequado!

 

Pensar que uma vida é dispensável,

é desconhecer um universo de querença!

Ilusões fazem parte do inefável!

São sentimentos ornando nossa presença!

 

Que torpe politicagem,

nas artimanhas pela vacinação!

As mortes são as homenagens,

pelos votos na eleição!

 

Dois Brasis dentro do Brasil,

com seu povo e suas diferenças!

A Pandemia em seu ardil,

criou a vacinação com desavenças!

 

E o vírus disse incontinenti!

Brasil, sois uma nação dividida,

em que sua brava gente,

faz a desunião ser acolhida!

 

Quantos brasileiros partiram,

sepultando suas ilusões!

Silentes  pranteiam em seus jazigos,

o findar de suas emoções!

 

Será que aprenderemos,

nessa angustiosa provação?

Que a pandemia faz nós sofrermos,

se não tivermos o amor no coração!

 

Porquanto, lutamos tanto,

para não levarmos nada!

A vida é um terno encanto!

A morte é o fim da jornada!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  • Autor: Alberto dos Anjos Costa (Offline Offline)
  • Publicado: 23 de Fevereiro de 2021 09:29
  • Comentário do autor sobre o poema: " A morte é mais leve do que uma pluma. A responsabilidade de viver é tão pesada quanto uma montanha. "
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 6


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