Lupanares

Roberio Motta

Quanto bom no repente

 

Rima poesia na estrada dormente 

 

Grita por um revés descontente 

 

Enquanto o minuto passa

 

E a dor sente.

 

 

O peso da vida não tem balança 

 

Enquanto um geme outro dança

 

Um chora gritando eu nasci

 

Um berra descontente do que se passa

 

 

Um velho uma menina abraça 

 

E na janela esquecida da solidão 

 

Viver é poesia e alento 

 

Ser grato é profecia e não tormento

 

 

A cana do tanque que anima o homem

 

Já foi pendão empenado piajota

 

E no refrão do tempo que se foi

 

Tem saudade e anedota 

 

 

A moçoila descontente de outrora 

 

Já sorria encantava e partia

 

A inalante universitária espalhada no salão

 

Nos clubes, nos carnavais e bangalôs 

 

 

E o deus momo vinha vindo

 

E com ele o rodo, rodouro e o rigoleto

 

As marchinhas, os cordões e os blocos sorr-indo

 

 

E a opulenta Glorinha de braços abertos

 

Era alegria e acalmava a dor 

 

De costas para a cidade olhavam os trilhos de ferro 

 

O macio barro vermelho olhava a chegada

 

Dava adeus a partida

 

 

Com o sorriso da despedida

 

A despida e o vai e vem

 

E a cada dezembro

 

Fazia frio em me lembro muito bem

 

 

 

 

 

E as altas e nativas barrigudas

 

Sopravam a lã branca

 

E dos frutos soltavam as plumas

 

Corriam em desafio

 

Junto ao vento frio brumado feito flocos de neve

 

 

Depois derrubadas

 

O choro inda hoje se ouve

 

Os gemidos e bebida quente

 

O outrora hoje ausente

 

Os trilhos sem a estação

 

 

E o branco agora era do calcáreo gesso

 

As histórias dos travessos

 

Vividos deleites e emoção

 

Sobra saudade branca

 

Clama inda o homem travesso

 

Trocaram os lupanares

 

Pelo um tal do avesso progresso

 

 

 

Há se pudesse eu voltar o tempo

 

Feito um auto reverse de um TDK

 

Teclava o volta tudo

 

ou mesmo um saudoso aboiar 

 

 

Pois o que fez bem é alento 

 

E o tempo que passou

 

Não sopra mais o mesmo vento

 

Nem o trem sonho azul passa mais

 

Nem as cantigas e nem nossos ancestrais 

 

 

Pois se em uma mesa tinha Evaldo, Nelson e Soriano 

 

Na outra Aurino, o repente e a serpente!

 

O calabouço, Chico curto e o Neném

 

E a nostalgia abraçada com a saudade

 

Na calçada alta do que se foi 

 

 

O auditório de Pedro e sua bandeira 

 

A cajuína de Seu Tico e o bálsamo de Dotô Geraldo

 

A Praça, Tetê doido e pibite

 

O Príncipe Ribamar da Beira Fresca

 

A quadra Cornélio, o treino e o arrebite

 

O soquete, o bingo e as cartas

 

O orelhão, o calçadão e o distante 

 

Tão longe e quase se foram 

 

Hoje mais perto do coração e da poesia

 

Só existe o verso, o capítulo e a precondia!

 

 

Soldadinho do Ara-Ari-Pe

Onze de Dois de Vinte Vinte Um

Estado de Graça do CARIRI

 

  • Autor: Soldadinho do ARA-ARI-PE (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 14 de fevereiro de 2021 22:36
  • Comentário do autor sobre o poema: Esta poesia acaboclada É lembrança esquecida inda tonta a ver o passado tempo que se foi Enquanto suas luas lobas sopram o ar de tempos de outrora no mesmo trilho do tempo lento que teima em não querer embarcar e ir embora.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 49
Comentários +

Comentários1

  • Sérgio Valsala

    Tudo na vida tem como ser poético.
    A própria vida já é poética.
    Abraços.



Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.