Quanto bom no repente
Rima poesia na estrada dormente
Grita por um revés descontente
Enquanto o minuto passa
E a dor sente.
O peso da vida não tem balança
Enquanto um geme outro dança
Um chora gritando eu nasci
Um berra descontente do que se passa
Um velho uma menina abraça
E na janela esquecida da solidão
Viver é poesia e alento
Ser grato é profecia e não tormento
A cana do tanque que anima o homem
Já foi pendão empenado piajota
E no refrão do tempo que se foi
Tem saudade e anedota
A moçoila descontente de outrora
Já sorria encantava e partia
A inalante universitária espalhada no salão
Nos clubes, nos carnavais e bangalôs
E o deus momo vinha vindo
E com ele o rodo, rodouro e o rigoleto
As marchinhas, os cordões e os blocos sorr-indo
E a opulenta Glorinha de braços abertos
Era alegria e acalmava a dor
De costas para a cidade olhavam os trilhos de ferro
O macio barro vermelho olhava a chegada
Dava adeus a partida
Com o sorriso da despedida
A despida e o vai e vem
E a cada dezembro
Fazia frio em me lembro muito bem
E as altas e nativas barrigudas
Sopravam a lã branca
E dos frutos soltavam as plumas
Corriam em desafio
Junto ao vento frio brumado feito flocos de neve
Depois derrubadas
O choro inda hoje se ouve
Os gemidos e bebida quente
O outrora hoje ausente
Os trilhos sem a estação
E o branco agora era do calcáreo gesso
As histórias dos travessos
Vividos deleites e emoção
Sobra saudade branca
Clama inda o homem travesso
Trocaram os lupanares
Pelo um tal do avesso progresso
Há se pudesse eu voltar o tempo
Feito um auto reverse de um TDK
Teclava o volta tudo
ou mesmo um saudoso aboiar
Pois o que fez bem é alento
E o tempo que passou
Não sopra mais o mesmo vento
Nem o trem sonho azul passa mais
Nem as cantigas e nem nossos ancestrais
Pois se em uma mesa tinha Evaldo, Nelson e Soriano
Na outra Aurino, o repente e a serpente!
O calabouço, Chico curto e o Neném
E a nostalgia abraçada com a saudade
Na calçada alta do que se foi
O auditório de Pedro e sua bandeira
A cajuína de Seu Tico e o bálsamo de Dotô Geraldo
A Praça, Tetê doido e pibite
O Príncipe Ribamar da Beira Fresca
A quadra Cornélio, o treino e o arrebite
O soquete, o bingo e as cartas
O orelhão, o calçadão e o distante
Tão longe e quase se foram
Hoje mais perto do coração e da poesia
Só existe o verso, o capítulo e a precondia!
Soldadinho do Ara-Ari-Pe
Onze de Dois de Vinte Vinte Um
Estado de Graça do CARIRI
- Autor: Soldadinho do ARA-ARI-PE (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 14 de fevereiro de 2021 22:36
- Comentário do autor sobre o poema: Esta poesia acaboclada É lembrança esquecida inda tonta a ver o passado tempo que se foi Enquanto suas luas lobas sopram o ar de tempos de outrora no mesmo trilho do tempo lento que teima em não querer embarcar e ir embora.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 49
Comentários1
Tudo na vida tem como ser poético.
A própria vida já é poética.
Abraços.
Verdade nobre Poeta!
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