Carlos Tavares

O SER POR TANTO SER

chorei

sequei

sangrei

estanquei

gritei

calei

xinguei

esmurrei

a sorte

mudei

empenhei

rumei

caminhos sem lei

mortos velei

vivos deletei

Golias peitei

messias troquei

desertos reguei

sonhos sem vez

contratos rasguei

saudades deixei

e risos me dei

 

ladeiras rolei

abismos pulei

vezes voltei

noutras fiquei

mentiras contei

inverdades culpei

burradas teimei

 

também abortei

buracos cavei

buracos tapei

feridas curei

pernadas levei

vinhos tomei

tropeços contei

gozei

amor celebrei

 

horas ganhei

horas perdi

saudades senti

prazer recebi

ciladas venci

medos temi

vezes sumi

e apareci

minha história escrevi

e ainda vivi

raiva engoli

engasgos cuspi

vezes cedi

vezes puni

vezes cumpri

vezes rompi

acordos desfiz

delírios eu quis

ais por um triz

de mim construí

Muito não fiz

 

Desse que sou

a dor que restou

a esperança curou

e a vida cantou

no verso rimou

o que de mim

mais gostou.

 

OBSCUROS URBANOS - AMAZON - https://www.amazon.com.br/Obscuros-Urbanos-Reunidos-Carlos-Tavares-ebook/dp/B08CTN5JLC

 

  • Autor: Carlos Tavares (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 14 de Fevereiro de 2021 13:12
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 7


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.