Jacson Tigre

Crônica - Isolado

 

Isolado, a cabeça confusa, deitado numa rede armada na área de casa. Já passa das nove e meia da noite, observo inerte sobre o muro, os galhos das árvores a balançar, o vento frio dita o ritmo da folhagem verde, como vultos no escuro que vem e vão.

O portão da frente é açoitado pelo vento e bate sem parar. Na avenida PIO XII, o trânsito é tímido, um ou dois veículos passando em alta velocidade, ouço ao longe o barulho dos motores. O cachorro do vizinho preso à corrente, late sem trégua. 

A rede balança, o frio bate no meu corpo, me enrosco no lençol, trajando apenas um calção amarelo com desenhos animados, na verdade, mãos que suponho, seja do Mickey Mouse, dando dedo. Talvez seja ridículo, mas quem se importa, estou sozinho. 

Então, volto a atenção para os galhos das  árvores sobre o muro de casa, o vento continua soprando, gelado. A Lua cheia apresenta-se de forma magnífica, as estrelas estão intactas, nuvens brancas se movem em procissão, numa perfeita romaria, sentido ao desconhecido. Os galhos, suas folhas verdes, os vultos, agora são iluminados e ganham um tom único, traços e contornos brilhantes. 

Quanta beleza junta, a mistura do natural. Meu olhar serrado faz a mente e o corpo relaxar. Agora não existe confusão, preocupação, a mente já não está do mesmo jeito, tudo vai silenciando e, pouco a pouco, o sono vem, me envolve como o lençol e durmo tranquilo.  

 








  • Autor: Tigre (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 10 de Fevereiro de 2021 08:25
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 22
  • Usuário favorito deste poema: Jacson Tigre.


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