Sinta o Sol nascendo!
Sinta a flor a desabrochar!
Tua sensibilidade aparecendo;
é o amor a despertar!
Plátanos em sua verticalidade se erguem como altivos monumentos em que seus píncaros em anseio, almejam adentrar o portal do firmamento, para acarinhar em gratidão benevolente, pela vida em dádiva, o abraço de Deus! Majestosas árvores que em Outono em estação, veem seus ramos brandindo com vento, e seus galhos, outrora vicejantes, sentem-se contristados pelo cair de suas folhas secas, pelo ciclo inexorável das vicissitudes, que alternam compulsoriamente entre a vida e a morte. Penalizados, sentirão saudades de suas secas folhas que partiram, na aliança que se extingue pela necessidade da imperiosa vida, pois não mais acalentarão o acarinhar celestial do Sol que irradiava-lhes energia em deleite, fazendo-as refletir difusamente a luz verde do espectro solar, e nem o enlevo do cingir divinizado pelo beijo de Deus, envolto por sons prodigiosos, vicejando uma ínclita melodia aprazível e benigna, proporcionada por brisas e ventos que abraçavam-os em dias e noites, fazendo com que galhos em ventura e folhas em júbilo, dançassem lépidos e extasiados pela harmoniosa sinfonia da natureza, fazendo-os sorrir em regozijo intermitentes, numa interatividade sinérgica de congraçamento ínclito e sublime.
Vento brando e fresco no Outono a nos acariciar,
sopro vindo do firmamento assobiando o seu cantar,
é a estação da colheita que nos traz a sustentação,
com suas nuvens que permeiam junto à imensidão.
Fantasias sendo moldadas no espírito de sensibilidade,
devaneios manifestando a sublime espirituosidade,
é a brisa de outono com suas nuvens de algodão,
no sentir extasiante, do universo em contemplação,
são as mãos do divino afagando seu corpo e espírito,
afiançando e exibindo viço do onipotente poder místico.
Seres em vivacidade que silentes em seu sentimento, sofrem em pungente dor; imperceptível à percepção humana; pela consternação absorvida pelo seu etéreo sentir, no iminente adeus às folhas secas irmãs, em que suas auras agora lacrimejam lancinantes a separação de amável e fraterna companhia, que as absorvia em sua vida pulsátil, pelo vicejar de sensações, de devaneios, de sonhos e de alentadores desejos e emoções, quando a chuva e os raios de sol, cingiam-lhes, adornando-os de exultação, esperança e de felicidade em magia, nesta passagem de vida tão efêmera que fizeram luzir em suas auras, a dádiva de sua existência, na magnificente, inspiradora e deslumbrante vida, e que agora com o término de seu ciclo pela idade que se avançou, se retiram resignadas em leniência, partindo para sempre desta odisseia de ilusões!
Oh, morte!
Sepultando devaneios e quimeras!
Cobrindo de véu, o pulsar que se encerra!
Oh, morte!
Findando incruentas dores e ilusões!
Acalentando a quietude,
cessando pecados e ambições!
Oh, morte!
De inefável mistérios e tétrica comoção!
Transforma em nada, o que era crível e relevante!
Suprime encantos, expulsa castigos e enterra a emoção!
Quinta-essência quebradiça, pulverizada num instante!
Como não admirar e se deixar fascinar pela luzente sensibilidade que permeia nas majestosas árvores, com seus exuberantes galhos e maravilhosas folhas, com suas inebriantes flores de eflúvio aprazível, que se reúnem em inflorescências globosas sobre longos pedúnculos suspensos, e seus munificentes frutos, que alimentam a todos, que enfeitam e encantam este nosso paraíso e inolvidável planeta. Como olvidar de nosso acatamento, respeito e deferência, pela sua existência em nosso mundo; o qual nós humanos estamos diariamente destruindo! Como podemos deixar de reverenciá-las, e agradecer-lhes pelo convívio florescente e idílico que nos envolve, e que embeleza o mundo e encanta nossas vidas!
O verde agonizando,
desmatamentos vão matando,
o viver que triste chora,
no conviver que está indo embora.
O progresso que constrói,
é o mesmo que destrói,
a vida que não querem ver,
no verde a perecer.
Verde que faz parte do mundo,
não merece este sofrer,
cego o homem cria o luto,
ignorando a vida em seu morrer.
Sua sombra, flores e frutos,
é oferecimento de afeição,
seu destruir viceja um grito mudo,
implorando clemência e compaixão,
rogando respeito e sentimento sem hipocrisia,
pois, até na nossa morte estará como companhia.
Ao nascer novas e viçosas folhas, os galhos regozijam-se felizes, pois, de agora em diante, não conviverão com a solidão. Solidão essa, que nós humanos cada vez mais abraçamos, pela desconfiança, pela deslealdade, pela falta de sinceridade e pelo ódio aviltante que idolatramos, vociferando em suas idiossincrasias seu ânimo belicoso.
O que somos afinal?
Bênção divina florindo o jardim!
Ou a erva daninha que usurpa seu igual!
Quiçá, a arrogância que conhece o seu fim!
Não temos no presente respostas concretas,
nesta efêmera passagem inebriante e secreta,
misteriosa vida fomentando o intrigante,
sabedoria que conhece o quão somos ignorantes.
Somos a ganância fomentando a poluição,
conspurcando a natureza bela, divina e opulenta,
viçosas florestas sendo desmatadas pela desrazão,
que nossa terra abençoada e preciosa muito lamenta.
Caminhamos para a superficialidade pelo vício no apego virtual, desfocando a realidade para mitigar as nossas dores, em utopias disformes e desumanizadas, estamos cada vez mais nos distanciando de nossas ações espirituosas, construtivas, fraternas e solidárias; cada vez mais cultuamos as nossas mesquinhas e abomináveis paixões e sepultamos o que poderíamos ter de melhor que é o espírito de humanidade; entronizamos a ganância, glorificando o frívolo, buscando o dinheiro fácil por meios sórdidos, invertendo seus valores morais e vangloriando o conspurcado; pois a vida que hoje vivemos não é a vida que sonhamos! Oh! Como temos que invejar a vegetação em verdor, que nos traz alvíssaras sensações e que deixa crível a auspiciosa esperança!
Fértil paisagem,
assentando a harmonia,
natureza em hospedagem,
reconciliação em companhia.
Nascentes imaculadas,
vertendo virilidade,
são artérias irrigadas,
pela vida em virgindade.
Vastas árvores constituindo
nossos maiores monumentos,
rico legado resistindo,
no progredir tão violento.
Sombras que encantam,
é a mata respeitada,
pássaros que cantam,
é a alegria admirada.
A vida em equilíbrio,
no verde em esperança,
é existência sem martírio,
erigindo a temperança.
Florestas em reverência,
instituindo racionalidade,
é bênção na consciência,
sem o amanhã na mortalidade.
Expresso figurativamente, em que galhos e suas folhas, nos mostram a interação que deve existir para um todo, na aliança que arrefece e extingue o individualismo, em prol do coletivo, tão necessário para a união que se espera neste mundo que chamamos de civilizado, mas longe disso, já mostrou a insensatez pela fragmentação ao longo de sua história; nas milhares de guerras acontecidas; nas milhões de mortes patrocinadas pelo desvario, que são provas dos desatinos em barbaridade produzidos pelos animais racionais, que se dizem em sã consciência, os eleitos para o domínio do planeta! Dizendo-nos, na arrogância e pedantismo ignóbil, serem os seres superiores, e desprezando qualquer outro tipo de vida!
Tantas insidiosas guerras!
Tantas insanas mortes!
Pelo ódio que impera!
Com a vingança vindo mais forte!
O que queremos afinal?
Se a raça é discriminada!
Se a cor é estigmatizada!
Se a política é corrupta!
Se a mídia é estulta!
Se a polícia é violenta e mata!
Se a criminalidade nos maltrata!
Se traficantes conhecem a impunidade!
Se a droga já faz parte da menoridade!
Se pedófilos sempre existiram!
Se crianças sucumbiram!
Se as armas são lucro certo!
Se potências fomentam o retrocesso!
Se a fome ainda acontece!
Se a desigualdade recrudesce!
Se a prostituição ficou aceita!
Se a fidelidade foi desfeita!
Se bombas estão sendo armadas!
Se invasões são arquitetadas!
Se a maldade é defendida!
Se a bondade é enfraquecida!
Se a equidade é assassinada!
Se a injustiça é fortificada!
Se a fraternidade está morrendo!
Se o egoísmo está vencendo!
Se a cidade está doente!
Se psicopatas não estão ausentes!
Se o amor é marginalizado!
Se o afeto é pulverizado!
No milagre da vida em que plátanos em vegetação latejante se distinguem; a vida em similaridade como a nossa é engendrada de forma peremptória, incerta e aleatória. Neste Universo intransponível, desconhecido e infinito, a raça humana descobriu que o seu maior predador é ele mesmo, pois, a sua inteligência sabe que este ciclo pungente, neste trilhar feito de ações impulsivas, de atos encobertos por mentiras e verdades, tendo por escopo o sucesso a qualquer preço; o escamotear das vaidades; a supressão da equidade, tudo recaindo e culpando a inerente imperfeição, como se não existisse espaço para a evolução; para o livre-arbítrio; para a percepção; para o discernir; para o bom senso, e para o aprendizado em sabedoria que gera a conscientização e o poder judicioso. Na essência humana consolida-se um espírito animoso e beligerante, em que a semente redentora do amor é deixada ao ostracismo, e que a guerra incontinenti, entre raças, entre religiões, entre irmãos; é vista como a vitória da derrota humana! Oh, predatória raça humana que em sua essência minaz e seu ominoso egoísmo com sua expertise para o mal, destrói a abençoada vegetação purificante, o qual deu-nos a chance de nossa sobrevivência neste mundo, graças à sua louvada fotossíntese que tornou a nossa atmosfera benigna. Essa nossa existência dependente de inúmeros fatores, como as variações de nosso satélite, das quatro estações, em que a lua, em sua relevância espetacular é a protagonista que faz o planeta cintilar e viver; pelo clima; pelas marés; pela gravidade e magnetismo que faz nosso planeta girar na rotação certa; como o astro-rei adornado com seu majestoso diadema de filigrana, em que seus rutilantes raios de luz, chegam-nos esplendidamente na medida certa. Não devemos ser céticos quanto à profusa vivacidade em árvores com seus galhos e folhas, que exprimem em sua eloquência silenciosa, sentimentos viscerais enraizados em sua natureza. Ígneas sensações em sensibilidade em sua existência milenar. Emoções expressadas em sua vertical quietude silente, em que nós humanos não temos o poder para ver, mas que nos corações em sensibilidade conseguem senti-las!
Não estamos alhures, estamos neste venturoso planeta, com suas imprescindíveis árvores em vegetação exuberante merecendo nossa gratidão em benevolência. Como todo ser pulsante, temos o mesmo ciclo de vida: nascimento, crescimento e morte!
A vida é feita de escolhas, cabe a cada um de nós fazer a diferença. A vida pode ser letárgica, moribunda, inerte, insípida e angustiante; nada muda, a não ser que você faça mudar! Mas deveras, somente mudará se houver amor à vida, arraigada pela vontade, ideal, desejo, gana, arrebatamento, coragem e motivação, que devem estar ancoradas na alma, no âmago, na mente, no coração. Com toda essa galvanizante e inspiradora explosão de pulsativa energia, com certeza o destino da vida irá mudar! Mas para isso é necessário tentar, e ter a centelha de algo que será essencial e que está dentro de nós, que tem raiz amarga mas que proporciona frutos muito doces, que é a perseverança, em aliança com a virtuosa paciência; pois, “há muros que só a paciência derruba, e há pontes que só a perseverança constrói”; que em consonância com o amor que deve existir à vida, suplantará medos, insegurança, receios, temores, fazendo germinar a confiança em si que deverá irradiar a impetuosidade em dar o primeiro passo, na determinação de; tentar; tentar outra vez; tentar sempre. Pois, “se não existir frutos, valeu o perfume das flores; se não existir flores, valeu a sombra das folhas; se não existir folhas, valeu a intenção da semente.” Como as antigas folhas secas que se foram, e que sentiram o maravilhar de sua existência; as novas elevam-se em viço e vicejam o despertar da vivacidade. Porque a vida, a tão extraordinária vida, é feita de mortes e de ressurreições!
- Autor: Alberto dos Anjos Costa ( Offline)
- Publicado: 8 de fevereiro de 2021 09:55
- Comentário do autor sobre o poema: Sábio é o homem que chega a ter consciência de sua ignorância!
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 4
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