Que ilusão eu criei
Desmotivado com o que havia visto
Fotos, textos, ficou mesmo esquisito
Outrora nossas conversas situava
importantes momentos
Variações de um passado que,
dê certo foi bom
Apesar dos finais desastrados

A incógnita persistente, me dizia
Como se todos aqueles fragmentos
Espalhados por tantos lados fossem
um dia se juntar, como um quebra cabeça
E montar um finalmente feliz

Mas não comigo.

Porque essa biblioteca de lembranças?
Porque não se livra do que foi?
Me parece querer viver, reviver
e restituir o que já não
Vives mais

Meu coração,
inseguro feito uma criança
Carregando cicatrizes e receios de outrora
Reprimia os sentimentos que derramava
das lacunas, reduzindo o imensurável a contagotas
Para você, não havia nada novo
E bem me disseram
Eu era apenas uma substituição

Quase acreditei.
Quase aceitei.
E se o tivesse feito, o que restaria de nós?
O que sobraria para você?

Meu coração parou,
Deu tempo e permitiu que
A mente sem juízo voltasse a ter
transbordando mais uma vez das lacunas
o sulco de todos aqueles sentimentos
Revigorante estava o meu coração

Era dela e de mais ninguém
E contrário há todas aquelas imagens
e também de todas as conversas
A diferença estava entre o real e ilusório

Você enxerga?
Você sente?
Ou somente quer sugar tudo o que tenho a ofertar? Se for só isso, beba devagar
Mas se quer me viver
Entenda, é preciso transbordar
É preciso saber o que quer
E empregar o teu melhor, sem medo

Pois beber de você também irei
E não importa a sede
Verá que se escolher assim ser
Esse rio nunca secará.