Alberto dos Anjos Costa

Sábios Pets

Aquele país em Pandemia,

envolto em sonhos e quimeras,

o imaginário resplandecia,

em Pets protagonizando odisseias.

 

Naquela nação distópica,

abaixo da linha do Equador,

a contaminação não era utópica;

o isolamento suscitava pavor!

 

Lá onde os Pets,

eram animais eruditos,

alguns os chamavam de Nerds,

pelo ínclito saber inaudito!

 

Outrora terra tupiniquim,

o extremismo era entronizado,

com os Pets indo ao botequim,

como uma plêiade de indignados!

 

Naquela pátria onde o povo,

eram subservientes pela pobreza,

bradavam pelo seu socorro,

exclamando palavras em franqueza;

que a escolha era por um cachorro amigo,

do que por um amigo cachorro,

e que políticos em desdouro,

eram parasitas em abrigo!

 

Os Pets em ígnea inspiração,

no botequim reunidos,

com Jack Daniel’s, em degustação,

desabafavam sobre seu país carcomido!

 

Com os Pets em entusiasmo atiçado, pela sinceridade florescida,

o desabafar foi ativado, por palavras em estrofes enfurecidas:

 

Oh! Âmago humano! O que escondes?

Interesses, covardias,

inseguranças, desonestidades,

injustiças, hipocrisias!

 

A vasta estupidez humana,

insolente em insignificância!

Sua insensatez se inflama,

pelas maldades em predominância!

Oh! Vida de Tentações!

Num sistema carcomido!

Granjeando decepções!

Ensejando-nos castigos!

 

A vida é feita de fases;

de alternâncias e mudanças,

com venturas e infelicidades,

com desejos em constância!

 

Começamos a refletir,

sobre a odisseia que vivemos,

e a decepção em nosso sentir,

traz a prostração que não queremos!

 

Oh! Dubiedade cáustica,

impondo verdades ao inverossímil!

A raça humana procaz exalta,

ígneos deleites por desatinos!

 

Judiciário de benesses e regalias,

com o nepotismo e iniquidades!

Em sua essência carcomida,

aprecia a secular morosidade!

 

A lei é deveras um engodo,

ao preceituar sem nenhum estorvo,

que perante ela, todos são iguais,

e que julgamentos justos são vitais!

 

Mas não é isso que se vislumbra!

Pois, o rico é o privilegiado;

o pobre vive na penumbra,

com seus direitos vilipendiados!

 

Oh! Ser Humano!

Que põe a velhice em desamparo;

agonizando pelo desprezo!

Seus herdeiros tão ordinários;

estão pensando só no dinheiro!

 

Você é o importante arquiteto,

para a sua sorte ou triste azar!

Seu Deus haverá de estar por perto,

se é o amor que você quer achar!

 

Em todas verdades existem mentiras!

Todas as respostas são muito dúbias!

Em todos sonhos existem utopias!

A morte encerra todas as dúvidas!

 

Oh, raça humana!

Em que virtuosas amizades,

se acabaram por mentiras!

Esqueceram que a lealdade,

não machuca a quem se estima!

 

Oh! Religiões maquiavélicas;

com seus fiéis hipnotizados!

Com doutrinas deletérias,

e dinheiro sendo furtado!

 

A devoção não está no joelho que se dobra,

mas no coração que se vê dobrar!

Sua fé deve ter seu Deus à sua volta,

para boas ações você praticar!

 

Oh! Juramentos mentirosos;

por perfídias conjugais!

O desamor criando destroços,

pela infidelidade de casais!

Todos com suas máscaras,

a mostrar o que não são!

Protagonistas em devassa,

prostituídos pela ambição!

 

Neste palco de atores,

em que o roteiro é implacável,

vencedores e perdedores,

fazem o show ser deplorável!

 

Ah, humanos!

Que reverenciam o nada,

nesta sumária passagem;

a desilusão é venerada,

pelo materialismo tão selvagem!

 

São penitentes escravos,

em um sistema consumista;

seus desejos ensejam laivos,

para o sucesso em conquista!

 

Oh! Quantas futilidades,

desperdiçadas em seu tempo!

São seres incontroláveis,

querendo mais a todo momento!

 

Que ordem econômica ordinária,

que produz tantos miseráveis,

tendo uma elite eivada e reacionária,

e ascosos políticos imprestáveis!

 

 

A natureza humana é selvagem,

por isso tem que ser controlada;

a liberdade pode virar libertinagem,

e a comunidade deve ser respeitada!

 

A insensatez é própria da humanidade,

em que o mais forte é o espoliador!

As leis tentam evitar a barbaridade,

perante o ser humano tão destruidor!

 

O homem é animal perigoso;

as leis procuram domesticá-lo;

seu âmago é feroz e belicoso,

por isso o seu crime é castigado!

 

E a ilustre plêiade de Pets em suas mesas, adornadas por Chivas Regal ,

Jack Daniel’s, e Ballantines, desabafavam  em fervor:

 

O crime não compensa!

É verdade já provada!

Tantas vidas com sentenças,

arrependidas e destroçadas!

 

Quantos espíritos na prisão,

aflitos e desesperançados!

Castigados pela escuridão,

sentindo o inferno ao seu lado!

 

Ah, liberdade! Agora prisioneira,

em virtude da lei infringida!

A Justiça é mensageira,

de que a maldade deve ser punida!

 

Porquanto! Não faças ao outro,

o que não queres que façam a ti!

Sua liberdade é o seu tesouro!

Seu livre-arbítrio vai decidir!

 

O bem sempre vence!

A maldade é desgraçada!

Praticar o mal é indecente;

é a consciência infernizada!

 

Anarquia ufanista,

revelando sua estupidez!

Os políticos vigaristas,

enganando-os outra vez!

 

Oh! Escolas públicas desalentas,

Com seus alunos sem aprendizado!

A Educação tão desatenta,

traz um Presidente iletrado!

 

Oh! Milícias empossadas;

assassinando por vingança!

Chacinas sendo executadas;

deixando a lei sem importância!

 

Oh, raça humana!

Edificando milionários egocêntricos,

que se servem dos miseráveis!

São desavergonhados e peçonhentos,

impondo a penúria e desigualdades!

 

Oh, governantes sem clêmencia!

Com suas guerras de carnificina;

enlutando pela barbaridade!

Não aprenderam a triste sina;

do ódio que sepultará a humanidade!

 

Oh! Hombridade quebrantada;

na retidão em fugacidade!

A desonestidade é exaltada;

anunciando que o dinheiro é a felicidade!

 

Quantos doentes no mundo!

Quantos medicamentos fabricados!

A vida virou produto de consumo,

pelo adoecer que é propositado!

 

Quantos lucros auferidos,

por indústrias farmacêuticas!

Vão viciando por comprimidos,

na convalescença com tarja preta!

 

Deveras indústrias poderosas,

com seu lobby no Congresso!

Impondo leis impiedosas,

em patentes de retrocesso!

 

Quantos vírus produzidos,

por laboratórios camuflados!

Prometem a cura de combalidos,

mas para o contágio são financiados!

 

Oh, atormentada humanidade!

Com seus doentes fazendo parte,

de sórdida cadeia alimentar!

Em que os pobres sem muita sorte,

vão sofrer sem poder se curar!

 

Parem e comecem a refletir!

Do porque de remédios tão caros!

E vocês poderão assentir,

o ardil e o logro destes avaros!

 

Quanta hipocrisia ocultada,

pelo interesse ganancioso!

A cura é até protelada,

pelo lucro econômico ambicioso!

 

A cura para muitas enfermidades,

poderiam já ter sido realizadas!

É provável que não existam vontades,

pois, a doença deve ser conquistada!

 

Quantos médicos mercenários,

que lucram com as doenças!

São sôfregos pelos honorários!

Doutores negociando a indecência!

 

Raça Humana!

Que menospreza o correto!

Desvaloriza a integridade!

O dinheiro é seu Deus funesto;

conspurcando sua sociedade!

 

A vida é feita de fases;

de alternâncias e mudanças,

com venturas e infelicidades,

com desejos em constância!

 

Ah, ser humano!

Em que o diabo está em vós,

agindo sob várias formas!

A barbárie é porta-voz,

da sandice que os deforma!

 

Oligarquia gananciosa,

corrompida pelo poder!

São serpentes ardilosas,

que deixam seu povo a perecer!

 

Nós começamos a refletir,

sobre a odisseia que vivemos,

e a decepção em nosso sentir,

traz a prostração que não queremos!

 

Desdita odisseia humana,

com seus rancores e vinganças!

Sua essência beligerante se inflama,

fixando incertezas e desesperanças!

 

Oh! Multidões em solitude,

magoadas por desventuras!

Sua passagem em finitude,

é presa por grilhões de conjecturas!

 

Estamos à procura de verdades;

às quais jamais conheceremos!

Dogmas geram ambiguidades!

Nossa  existência desconhecemos!

 

A humildade foi destituída!

A soberba está empossada!

A raça humana é prostituída,

pela ostentação famigerada!

 

A expressiva luta pela vida,

é conviver com as provações!

Desenganos deixam pessoas comovidas,

exaltando a fé pelas orações!

 

Ah, graciosa estesia!

Em que a criança é a inspiração,

de uma bênção em amor!

É uma aura em vibração,

pelo sentimento em primor!

 

Seu nascimento na pureza,

como anjo abençoado,

se deturpa pela frieza,

de um sistema contaminado!

 

Vós humanos!

Estão propensos a tantos riscos,

que  induzem aos contratempos!

Seu viver é um aventurar de perigos,

que trazem-lhes muitos tormentos!

 

Sua sublime paz e tranquilidade,

a qualquer hora podem-se quebrantar!

São os reveses que sem piedade,

suas lágrimas conseguirá derramar!

 

Em instantes! Tudo num instante!

Circunstâncias alteram seu destino!

Imprevistos são tão angustiantes!

Acidentes deixam você em martírio!

 

Por mais que tenhas atenção,

num átimo, tudo pode mudar!

Fatalidades causam prostração!

É o infortúnio que não se pode olvidar!

 

Oh! Dubiedade cáustica,

impondo verdades ao inverossímil!

A raça humana procaz exalta,

ígneos deleites por desatinos!

 

As escolhas que fazeis;

as oportunidades que perdeis;

mudam vossos destinos;

suscitam vários caminhos!

 

Judiciário de benesses e regalias,

com o nepotismo e iniquidades!

Em sua essência carcomida,

aprecia a secular morosidade!

 

A lei é deveras um engodo,

ao preceituar sem nenhum estorvo,

que perante ela todos são iguais,

e que julgamentos justos são vitais!

 

Mas não é isso que se vislumbra!

Pois, o rico é o privilegiado;

o pobre vive na penumbra,

com seus direitos vilipendiados!

 

A vasta estupidez humana,

insolente em sua insignificância!

Sua insensatez se inflama,

pelas maldades em predominância!

 

Oh, governantes!

Com vossa gente semianalfabeta,

que foi estratégia capitalista;

assim é mão de obra barata e certa,

para uma ignorância sufragista!

 

Manipulação de mentes,

com artimanhas astuciosas!

Com seu povo sempre contente,

na obediência cega e desastrosa!

 

Desestruturada Educação,

para formar a subserviência!

O antipatriotismo era a solução,

para não ter heróis em resistência!

 

Oh, humanidade!

Que vivenciam a vida,

na certeza da morte!

Curta permanência consumida,

por desencantos e dúbia sorte!

 

Quantas almas aflitas,

por conhecer desilusões!

O relevante desafio da vida,

é suplantar as frustrações!

 

Oh! Raça Humana!

Como entender o seu mistério,

do porquê de sua existência!

A ignorância não é despautério,

pelos enigmas em evidência!

 

Vida e morte trilhando juntas!

Neste teatro de ilusões!

A ganância ensejando culpas,

ofertando torpezas em multidões!

 

Oh, humanos!

O seu Deus deve estar sentido,

pela criação de rebentos insanos;

confidenciando ao seu filho,

que talvez foi um grande engano!

 

Natureza humana com travos e rancores,

sordidez aplicada por insensíveis predadores!

Insana consciência machucando por prazer,

pondo fel e azedume, ancorando o entristecer!

 

Natureza humana, que mata por vontade,

crueldade no coração sem remorso e piedade!

Pífias almas fratricidas que sepultam o amor,

a torpeza é idolatrada no afã destruidor!

 

Natureza humana abjeta e animalesca,

de paixões abomináveis e de ações tão dantescas!

Incruentas mágoas deixarão como legado;

cáusticas dores lembrarão sonhos pulverizados!

 

Já era de madrugada quando os Pets terminaram os seus desabafos,

e não se davam conta do botequim lotado; obedecendo-se o distanciamento.

Dos olhares admirados, em rostos mascarados para escapar ao contágio, e das

saudações que ressoavam a magnitude de sua autenticidade pelos

desabafos tão contundentes.

De repente, num silêncio casual, um senhor de idade avançada, de barba branca

e jeito simpático, ri e se levanta apoiando-se em sua bengala,

e em pé com suas costas arqueadas pelo tempo, levanta o seu copo

de cerveja e diz: uma coisa nesse mundo me causa grande

admiração: é a humanidade dos animais e a animalidade dos homens.

E ele faz um brinde a todos!

 

 

 

 

  • Autor: Alberto dos Anjos Costa (Offline Offline)
  • Publicado: 15 de Janeiro de 2021 01:04
  • Comentário do autor sobre o poema: O que dizer senão corroborar o que aquele velhinho de jeito simpático e de grande sabedoria disse: uma coisa me causa admiração, é a humanidade dos animais e a animalidade dos homens.
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 3


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