Não ousaria me definir como um escritor, mas como um ser que adora escrever, e durante a vida inteira escreve para aprender. Aprender a sorrir, aprender a chorar, ou apenas sobreviver. Escrevo sobre diversas situações, alusões que aprendi, sobre o amor, sobre a dor, sobre os pássaros já escrevi, já divaguei sobre uma flor. Retratei felicidades, infelicidades, solidão e sofrimento, os sonhos que eu já tive, aqueles que eu invento. Escrever é um vício, muito mais que um ofício, é uma janela para o espírito, um grito de liberdade da minha alma.
Escrever, inventar personagens, retratar novas imagens, desenhar a vida em poesia. Escrever é uma magia, ainda que pouco compreendida. Já escrevi sobre o passado, o futuro esperado e na maioria das vezes o presente que nos foi concebido por estarmos vivos. Escrevi sobre minha vida, minha memória em palavras escondida, em versos ou em lamentos, transformados em quadrinhas, retratando meus sentimentos.
Não ousaria jamais me definir como escritor, mas posso sim escrever, posso tentar compreender o que meu espírito inquieto tenta dizer. Definir minha personalidade, buscar entender de verdade o que nesse mundo venho fazer. Talvez seja esse o motivo, uma autobiografia, uma radiografia de tudo aquilo que eu fiz acontecer.
Retratar-se em forma de versos pode ser impossível conceber, melhor seria pintar uma tela, uma linda aquarela tendo ao fundo o amanhecer. Imagino que seria lindo, imagens coloridas surgindo, mostrando ao mundo tudo aquilo que eu quisesse dizer, fazendo de uma forma sublime a todos compreender.
Mas eu não sei pintar, eu só consigo escrever, e quando imagino uma imagem que me retratasse, vejo apenas duas cores, preto e branco, o que não é fácil compreender. Em momentos de tristeza intensa, meu dia fica escuro, completamente acinzentado, e nesses momentos as palavras que escrevo, como se em alto relevo, revelam o meu sofrer.
Em dias de felicidade, aquele cinza de outrora, vai clareando hora a hora e marcam minha existência para alegria acontecer. É quando estou a sonhar, busco os meus sonhos realizar e mesmo se obstáculos eu encontrar, buscarei sempre superá-los, vou vivendo a enfrentá-los para os sonhos concretizar.
É assim que eu me vejo, em duas cores apenas. Uma imagem em preto e branco, uma pintura envelhecida. Com palavras eu me desenho, mostro ao mundo tudo que tenho guardado em minha alma, aquilo que um dia ou outro, formará o meu retrato, lembranças estampadas na parede, um mundo repleto de sonhos, que quando escrevo e transformo em palavras, afogam a minha sede.
Jose Fernando Pinto
- Autor: Jose Fernando Pinto ( Offline)
- Publicado: 10 de janeiro de 2021 19:10
- Categoria: Amor
- Visualizações: 16
Comentários1
Preto e branco? Como se ao ler tua prosa- poema todas as cores do arco-iris ,quem tem visão ,pode ver?! Como te compreendo,poeta! Eu,como você, escrevo para sobreviver,às vezes para me esquecer... Parabéns à você!
Gratidão querida Maria Dorta! Eu costumo brincar com essa ideia do poeta enxergar as cores mesmo nos dias nublados, mesmo quando a alma entristece, é aí que acontece a poesia, quando encontramos a luz, espécie de magia! Grande abraço!
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