Menino e a Lua

Ampulheta

 



Eu a admiro de longe, triste e obsoleta
Para tudo aquilo que a fez bela,
por tudo que a vida dela representa
Aquilo para que viveu também a fez velha!

O feitiço que vira contra o feiticeiro,
Penso, o quanto ele com todos nós é traiçoeiro..
Torno a vira-la, enquanto tento ver a beleza
detalhes nas marcas de quedas nela feitas,
algum detalhe que explique com clareza...

Pelo vidro escorre um grão,
vai em direção a areia formando um montante.
Na seqüência outros e outros em instantes,
Um em tantos outros que descem por ali em vão.

tem inveja dos ponteiros daquele na parede?
Se ninguém a virar você não marca nada, entende?
Afinal são eternas as voltas que ele pode dar,
Imagine, quantos segundos infinitos ele pode marcar.

Eis que o pensamento entra em parafuso,
e me pego perdendo tempo no discurso da mente
o ponteiro marca o inacabável, para vida um abuso!
Vida que ela representa perfeitamente....

Pois \"o cair do pano\" é o fim da tal areia,
E enquanto cai o grão, que não seja mais um,
Que não seja um segundo te levando para lugar nenhum....
Pense, o mesmo grão caindo pode ser o ultimo de uma vida alheia!

E ai está a beleza, a areia caindo pelo vidro!
brevemente ou vagarosamente, como um sopro
Mais o importante foi aquilo que ela marcou
Qual o aprendizado que aquele pequeno tempo deixou?

Obsoleta? para quem?
a lição que ela tem vai muito além
Do tempo que foi feita para o que será vista
Areia vai caindo e eu vou admirando, olhando,
como na vida, a duvida,
Quanto tempo será que essa areia esta marcando?

Aproveite.