A poesia pura não existe em mim, talvez porque eu não seja perfeito, talvez porque o meu grande defeito seja fugir, das competições, das comparações, das confrarias que há por ai.
A poesia pura não existe em mim, talvez porque eu não esteja a fim de encontrar a perfeição, talvez porque eu não veja solução na pureza da literatura, talvez eu enxergue além do texto, eu enxergo a criatura.
A poesia pura não existe em mim, porque eu escrevo o que eu sinto e o que eu sonho, e quando nas noites frias a melancolia se aproxima, a poesia menina é a minha companhia, não a poesia pura, mas a própria utopia.
A poesia pura não existe em mim, o que há em meu peito é o ar rarefeito de quem ama, de quem sente dor e às vezes chora, e como a flor que tem espinhos, não é a poesia pura que eu escrevo, são versos de dor que formam meu relevo.
A poesia pura não existe em mim, existem sentimentos, empatia, e o que eu escrevo pode não ser poesia pura, mas é minha terapia, porque a poesia pura não existe em mim, mas eu ainda extraio dos versos a verdadeira alegria.
Jose Fernando Pinto