Elfrans Silva

POETA NÃO MORRE

   

         POETA NÃO MORRE
O velho poeta se levanta do leito.
À beira da cama, calça a chinela
Parca é a luz no quarto estreito
Que rompe a cortina de sua janela

Abriu-a como abre todos os dias
Mas como se fosse a última vez
Saúda o sol que essa luz irradia
Sorri quando o sente tocar sua têz

Volta e olha seu rosto no espelho
Traços da vida que a vida marcou
Então com a mão afaga os cabelos
Que com capricho o tempo pintou

Olha um papel em cima da mesa
Como se fosse carta endereçada
Mas seu destino, é uma incerteza
Sem nome algum, de rua, de nada

Talvez fosse só mais uma poesia
Que ele escrevera na madrugada
Ou ainda rascunho igual o do dia
Em que a poesia não é terminada

Ficou  na tábua a folha esquecida
Por muito tempo até ser achada
Nesse dia o poeta saiu pela vida
Não mais retornou pra sua morada

O vento que entrara tão impetuoso
a folha nos ares longe arremessou
Talvez o poema, do poeta, saudoso
Por tanto tempo, o autor procurou

Dizem alguns que poeta não morre
Já duvidei, porem, hoje eu creio
No vento brando que no Sul ocorre
A folha rota em minha mão veio

Escrito fraco, e letras tremulais
Como de mão um tanto insegura
- \"Versos de amor, ternura e paz
Liberta a alma, renova e trás cura ...

...Deus é a fonte de inspiração
Pela palavra o aflito socorre
Siga após mim, de bom coração
Pois só assim um poeta não morre\"