felipe?fernandes

Memórias

Conheci um jovem príncipe, senhor de uma nação.
Amante da liberdade.
Vinho, bordéis, jogo.
Entregue à tentação.

Eu, fiel conselheiro, muitas vezes questionava:
Jovem príncipe, não temes tu a danação?

Aos soluços, muito bêbado, afirmava:

\"Velho, vivo ao meu modo, porém, sob brio da alegria
Há covardia latente
Conduzo a corrida escondendo-me do Onipotente
A realidade é a fraqueza, resta-me a euforia.\"

Do vinho, mais um gole, então, continuava:

\"Minha alma segue arrastada por duas feras
Irascíveis em luta insana,
A disputar o destino do dormente amo
Aceito em mim a marca da desonra, a vida gastei entregue às hordas
Perguntas-me se temo o inferno, respondo, ele é o que reclamo

Por último, afirmo,
antes que a astúcia me abandone,
Minha mãe que Deus perdoe,
jamais saberia ela que a luz daria a isso.

Deixe-me aqui largado,
enquanto a sobriedade não me atinge
Deixe-me mais um pouco,
Demente e inquieto.\"

Desse jovem príncipe, não sei o que se deu…
lúcido de seu crime,
tirano de si,
Quiçá se arrependeu.