Victor Severo

A dor.

 

Nem toda dor é santa.

Ou acorda, ou acalanta.

Sempre derruba o corpo.

As vezes a alma levanta.

Encharcada de mofo.

Mas se a dor é tanta.

Aí já não compensa.

Pois quanto mais avança.

Mais engorda a descrença.

 

Nem toda a dor avança.

Por vezes ela estanca.

Nem mesmo toda crença.

Reserva recompensa.

Mas se ela nunca passa.

A dor que ultrapassa.

A nossa resistência.

É derrota que disfarça.

Uma eterna penitência.