Alexandre Silva

TARDIAMENTE CEDO DEMAIS

 

TARDIAMENTE CEDO DEMAIS

 

Ela estava alí pensando, e eu daria tudo para descobrir seus pensamentos, mas, tardiamente, ouvi sussurrar palavras sensíveis, que transpareciam insegurança e medo.

 

Outrora, cedo demais, a vi chorando;

lamentando o quanto havia sofrido;

por algo que julgou ser amor;

e que hoje se encontra vencido...

 

que se perdera no infinito de um sentimentalismo vazio; vadio; no cio cego de uma suposta “paixão proibida”. Vida vazia!

 

Tardiamente cedo demais a vi se escondendo dos seus próprios temores, que a sucumbia por dentro a matando aos poucos... com seus interesses e devaneios:

ela parecia ser tão forte;

tão decidida; tão segura de si;

até revelar-se impotente, e logo num momento de mais carência da sua força interior, que horror...

 

Dona de si, e de um estilo de vida todo seu, tentou seguir sozinha um caminho que deveria ser enfrentado por pelo menos duas pessoas:

para ajudas mútuas;

para compartilhamentos diversos;

para socorros coletivos...

 

Menina que se mostrou guerreira e dona do seu próprio castelo que, sonhado, fora construído de acordo com o seu sonho e, no final de tudo, acabou sendo demolido por sua própria dona:

 

sonha;

constrói;

derruba;

dói!

De tanto chorar pelos cantos tentando encontrar alguma solução pensou ter achado a cura e a ela recorreu, então...

 

Do sucesso sonhado ao castelo demolido e à vida tirada de uma forma:

tão sensível...

tão silenciosa...

tão desnecessária...

tão cedo demais e (...), tardiamente, fora diagnosticada com: depressão!

 

Em sua mão um bilhete:

pequeno texto em letras garrafais...

Resolve gritar calada:

AGORA TENHO PAZ!