Eu vi passar quão bela uma manceba
Que só felicidade buscava ávida.
Por sua conduta, porém, vil e pávida,
A menor das alegrias não receba.
Aquela nívea tez imaculada
Dissimulava-lhe doce inocência,
À alma que ao sólio da concupiscência
No indigno torpor estava prostrada.
Falei à pulcra serva dos prazeres:
- Tão magna quão etérea é-te a graça,
Ao fim desta, que restará fazeres?
Dos olhos üa linha o pranto lhe traça.
No estupor agradece-me os dizeres
E, contrita, a virtude ora couraça.