Elfrans Silva

DOCES NOSTALGIAS

Saudade qu\'eu achava
estar escondida
Está num qualquer
Dos cantos da vida
No meu violão ,
Da cor de marfim
Naquela canção
Que fizestes pra mim
     

        Num banco de praça,
        ao entardecer
        ou ante a vidraça
        olhando chover
        Na criança que corre
        Atrás do brinquedo
        No pai que intimava
        Que chegasse mais cedo

Na mãe me vestindo
Pondo pão na lancheira
Lápis, cadernos
Rabiscando a carteira
A primeira \"fessôra\"
O castigo na escola
Fazendo aviãozinho
Passando a cola
 

         Meninos brigando
         Nas brincadeiras
         Tocando campainha
         Fugindo na carreira
         Pelo buraco do muro
         Espiando a vizinha
         E o cachorro latindo
         Do ciúme que tinha

Roubando goiaba
Laranja ou poncã
Pulando no Rio
Imitando o Tarzan
De espada e chapéu,
Capa preta, era o Zorro
Prendendo
 num vidro
Borboleta e besouro
 

       Enquanto te falo
       Me ponho a chorar
       Por que num estalo
       Eu vi tudo passar
       O tempo não volta
       E tudo caminha
       Hoje eu recordo
       Da vida que tinha

Se for te contar
Não cabe num livro
Além de sonhar
Na mente revivo
Isso tudo passou
Num mero piscar
Só saudade restou
Não vai mais voltar
 

        Há um provérbio
        Que vou relembrar
       \"Ensine a criança
        O caminho pra andar
        Seguirá no caminho
        Quando envelhecer
        Inda frutos há de dar
        Até  quando morrer\"

Se fui bom menino
Ou moço exemplar
Não sou mesmo eu
Que vou me julgar
A terceira idade
Coroa meus dias
Muita felicidade
E também nostalgia
 

         No céu do futuro
         Havendo lembrança
         Pedirei ao bom Deus
         Perdão da ignorância
        Já que na eternidade
         Não têm final os dias
         Permita eu curtir lá
         Essas doces nostalgias