Saudade qu\'eu achava
estar escondida
Está num qualquer
Dos cantos da vida
No meu violão ,
Da cor de marfim
Naquela canção
Que fizestes pra mim
Num banco de praça,
ao entardecer
ou ante a vidraça
olhando chover
Na criança que corre
Atrás do brinquedo
No pai que intimava
Que chegasse mais cedo
Na mãe me vestindo
Pondo pão na lancheira
Lápis, cadernos
Rabiscando a carteira
A primeira \"fessôra\"
O castigo na escola
Fazendo aviãozinho
Passando a cola
Meninos brigando
Nas brincadeiras
Tocando campainha
Fugindo na carreira
Pelo buraco do muro
Espiando a vizinha
E o cachorro latindo
Do ciúme que tinha
Roubando goiaba
Laranja ou poncã
Pulando no Rio
Imitando o Tarzan
De espada e chapéu,
Capa preta, era o Zorro
Prendendo num vidro
Borboleta e besouro
Enquanto te falo
Me ponho a chorar
Por que num estalo
Eu vi tudo passar
O tempo não volta
E tudo caminha
Hoje eu recordo
Da vida que tinha
Se for te contar
Não cabe num livro
Além de sonhar
Na mente revivo
Isso tudo passou
Num mero piscar
Só saudade restou
Não vai mais voltar
Há um provérbio
Que vou relembrar
\"Ensine a criança
O caminho pra andar
Seguirá no caminho
Quando envelhecer
Inda frutos há de dar
Até quando morrer\"
Se fui bom menino
Ou moço exemplar
Não sou mesmo eu
Que vou me julgar
A terceira idade
Coroa meus dias
Muita felicidade
E também nostalgia
No céu do futuro
Havendo lembrança
Pedirei ao bom Deus
Perdão da ignorância
Já que na eternidade
Não têm final os dias
Permita eu curtir lá
Essas doces nostalgias