QUARTETOS DE UMA POESIA INACABADA
E voltei-me
ao início de tudo
para rever os passos
que abandonei:
desencantos;
experiências;
desilusões;
abandonos...
Nada mais!
E a poesia que nunca consegui acabar de escrever
tornou-se viva...
eficaz!
ELA era eu. Sim! Todo este tempo
estava sempre tão perto de mim, e foi depois de perceber,
de olhos fechados, que tudo que eu precisava estava bem ao meu lado...
era, apenas, necessário entender:
o amar... me notar;
o sentir... me aceitar;
o querer... me perceber;
o respeitar! Apaixonadamente... o “me viver!”
Então, consegui entender o sentido da minha busca:
“a poesia que nunca consegui acabar...”
Era, realmente, EU! Num espaço-tempo distante de se chegar
por mim mesmo. Por querer tudo sempre perto de mim, ceguei... VIDA!
Te esvais no simples toque da chama ardente do amor insano que diz:
perdoai; querei, pois, sempre o bem! Que diz: mergulhai para dar a tua vida
por outra que te espera logo alí na frente... se afogando...
nem ela e nem você sabem nadar, contudo, você a olha e diz: “vai ficar tudo bem...”
Vida:
poesia inacabada,
que se sucumbe em devaneios vãos;
que se abala numa imensidão de sentimentos
que, de tão enganosos
só geram: decepção;
descontentamento; solidão...,
mas, não se limitam apenas nisso, pois, há tantos outros bons...
Vida minha... (incoerente por diversas vezes),
que poesia linda és...
sendo matéria: és tocável; instável; carente; ausente:
mesmo estando presente.
Que, de tão \"perfeita\",
consegues enganar até os corações mais atentos,
que, jogados aos reveses, buscam tuas conclusões:
sentimentais e bobos... que se resolvam, então... a favor da vida.
“A poesia que nunca consegui escrever(...)”:
logicamente, por não a poder ver...
e, cegando para o que dela poderia sentir,
pude entender que finais não precisaria ter... conclusões não precisaria possuir...
Assim, lá me fui!
Segui me enganando sem saber, por um longo tempo,
que a poesia, de tão bela, nem precisava ser compreendida,
apenas, ser vivida...
Viva toda a tua poesia
sem esperar por finais:
conclusões; morais;
apenas, viva toda a tua poesia... pois, quando você se for, ela lhe representará!
A nossa
vida
é uma
poesia inacabada...
Quando a gente se for,
sem dúvidas,
ela continuará viva por nós...
por meio das nossas palavras permanecerá ativa.
Vida:
a nossa poesia inacabada,
nelamesma
eternizada...
Vida:
a morte
não representa
a tua conclusão!
Vida:
Minha poesia inacabada...
eu, jamais,
verei o teu fim!