Alexandre Silva

QUARTETOS DE UMA POESIA INACABADA

 

QUARTETOS DE UMA POESIA INACABADA

 

 E voltei-me

ao início de tudo

para rever os passos

que abandonei:

 

desencantos;

experiências;

desilusões;

abandonos...

 

Nada mais!

E a poesia que nunca consegui acabar de escrever

tornou-se viva...

eficaz!

 

ELA era eu. Sim! Todo este tempo

estava sempre tão perto de mim, e foi depois de perceber,

de olhos fechados, que tudo que eu precisava estava bem ao meu lado...

era, apenas, necessário entender:

 

o amar... me notar;

o sentir... me aceitar;

o querer... me perceber;

o respeitar! Apaixonadamente... o “me viver!”

 

Então, consegui entender o sentido da minha busca:

“a poesia que nunca consegui acabar...”

Era, realmente, EU! Num espaço-tempo distante de se chegar

por mim mesmo. Por querer tudo sempre perto de mim, ceguei... VIDA! 

 

Te esvais no simples toque da chama ardente do amor insano que diz:

perdoai; querei, pois, sempre o bem! Que diz: mergulhai para dar a tua vida

por outra que te espera logo alí na frente... se afogando...

nem ela e nem você sabem nadar, contudo, você a olha e diz: “vai ficar tudo bem...”

 

Vida:

poesia inacabada,

que se sucumbe em devaneios vãos;

que se abala numa imensidão de sentimentos

 

que, de tão enganosos

só geram: decepção;

descontentamento; solidão...,

mas, não se limitam apenas nisso, pois, há tantos outros bons...

 

Vida minha... (incoerente por diversas vezes),

que poesia linda és...

sendo matéria: és tocável; instável; carente; ausente:

mesmo estando presente.

 

Que, de tão \"perfeita\",

consegues enganar até os corações mais atentos,

que, jogados aos reveses, buscam tuas conclusões:

sentimentais e bobos... que se resolvam, então... a favor da vida.

 

“A poesia que nunca consegui escrever(...)”:

logicamente, por não a poder ver...

e, cegando para o que dela poderia sentir,

pude entender que finais não precisaria ter... conclusões não precisaria possuir...

 

Assim, lá me fui!

Segui me enganando sem saber, por um longo tempo,

que a poesia, de tão bela, nem precisava ser compreendida,

apenas, ser vivida...

 

Viva toda a tua poesia

sem esperar por finais:

conclusões; morais;

apenas, viva toda a tua poesia... pois, quando você se for, ela lhe representará!

 

A nossa

vida

é uma

poesia inacabada...

 

Quando a gente se for,

sem dúvidas,

ela continuará viva por nós...

por meio das nossas palavras permanecerá ativa.

 

Vida:

a nossa poesia inacabada,

nelamesma

eternizada...

 

Vida:

a morte

não representa

a tua conclusão!

 

Vida:

Minha poesia inacabada...

eu, jamais,

verei o teu fim!