VOU VIVER NO PANTANAL (*)
Vou viver no Pantanal,
onde o povo é cordial, caboclo e bagual, em seu traje tradicional.
E aí me perguntam: mas tão longe do litoral, no país do carnaval?
Talvez porque nunca percorreram uma estrada vicinal desse nosso cartão-postal, com o sol se pondo atrás dela, fotografia surreal,
ou porque ainda não entenderam, neste mundo virtual, onde tudo é digital, tudo é artificial, o que realmente é vital, amor incondicional, araras vivendo em casal.
Aqui neste mudo de diversidade vegetal, exuberância animal, riqueza mineral e chuva torrencial, em que a vida não precisa de manual,
no qual a preservação é essencial, a ocupação tem que ser racional, protegendo o manancial, evitando o aquecimento global, sem necessidade de ativismo radical,
nessa área interestadual, sem política bilateral e quase sem apoio estatal, de mentalidade colonial, por conta de um modelo onde tudo tem que ser: ou federal, ou estadual ou municipal,
o que vale é o amor incondicional de quem chega ou do povo local.
Onde o exemplo é primordial, como a Teresa faz em seu quintal, projeto excepcional, que une o educacional ao social e ao ambiental,
Nesse nosso Pantanal, onde a pecuária é convencional, a dedicação é integral e não basta ter capital, é preciso amor visceral, ver cada pantaneiro como um igual, sentimento fraternal.
Nessa terra excepcional, de estranho regime fluvial, onde o desenvolvimento é algo natural e a competição não é irracional, está a prova cabal, de que o homem é bem mais feliz, vivendo na área rural.
Onde a verdade universal, de quem trabalhar por um ideal, é fazer a evolução gradual, sem efeito colateral, e a melhor postura ambiental é cada vez mais atual.
Afinal, terá sempre nosso aval, nosso apoio incondicional, o esforço individual em abandonar o que é legal mas, em verdade, é imoral.
Aqui não vejo como rival nem a fera que, embora fatal, merece que a proteção animal seja uma política oficial.
Tal qual o quati-mundéu, vivia eu na grande capital, orgulho nacional, já sem sonhos, sem ideal, achando que seria esse o meu tema de enredo final,
mas a mais linda luz pantaneira, de modo passional, veio ao meu mundo industrial, com seu tempero e aroma floral, trazendo-me de volta à vida,
e hoje, tal qual a res que precisa do sal, preciso dela para viver!
Que essa quase poesia, publicada no jornal, possa inspirar nossa gente morena, mais belo retrato de nossa beleza tropical.
Não digo aqui nada genial, mas também nada que seja prejudicial, apenas conto a vocês o que hoje é meu sonho real.
(*)Henrique Amaral