Roberio Motta

A pena de(a) ave

A pena de(a) ave 

 

O que sai de minha alma

Já não é mais meu

Nem o verso

Nem o reverso

Nem o tema

Nem o poema

 

Nem mesmo a página

Hoje sem pena

É verso digitado

Sem afago

E só !

 

Saudade da pena afiada

Fina e biselada de ponta cinza carvão

Hoje nós a sós

E a noz de galha espremida em vinho

Se foi sem dizer adeus

Voou feito passarinho

 

Queria que voltasse o tempo

A pena sem penar

E o papel sem apagar

E no verso o dialeto

Sem teclado sem “deleto”

 

E, ao chegar dezembro

Devagar quase sem querer

Abraçar cada um

Deseja um feliz natal

Em poesia, rima e nostalgia

 

E relembrar mês a mês

O bem que o tempo nos fez

Nos aproximando

Remando, teclando e respirando

Amando, sonhando e se eternizando

Escrevendo, tocando sem ao menos nos tocar

 

No digitar dos artelhos

Na melodia de cada dia

Nas suaves vozes a nos ameigar

No clarinete a nos abraçar

Na peça imóvel que contagia

Na foto de paz e precondia

 

Soldadinho do Ara-Ari-Pe

Estado de Graça do Cariri

Vinte e 7 de 9vembro de um tal de Vinte Vinte!