DESAPEGO
Como um pombo embevecido que loquaz turturina
Vou arrulhando alegrias pelas cercanias que passo
Sem os grilhões dos vis desejos, o caminho perpasso
Me apegando só ao vento que a esmo me destina.
Nada levo comigo. Do fugaz acúmulo me desfaço
E fitando o horizonte que alentado se aproxima
Me dispo de tudo, e com a alma cristalina
Sigo ao encontro desse arauto da liberdade que abraço.
Deixo pra trás as fantasias vãs, as ilusões passageiras
Que no coração pujavam nas noites traiçoeiras
E em vez de felicidade, traziam revés e dor,
Pra caminhar desprendido, sem alvo certo
E ao final da travessia deste insólito deserto
Transformar minha vida num oceano de amor.
Marcos Valério de Souza