Marcos Valerio de Souza

DESAPEGO

                 DESAPEGO

 

Como um pombo embevecido que loquaz turturina

Vou arrulhando alegrias pelas cercanias que passo

Sem os grilhões dos vis desejos, o caminho perpasso

Me apegando só ao vento que a esmo me destina.

 

Nada levo comigo. Do fugaz acúmulo me desfaço

E fitando o horizonte que alentado se aproxima

Me dispo de tudo, e com a alma cristalina

Sigo ao encontro desse arauto da liberdade que abraço.

 

Deixo pra trás as fantasias vãs, as ilusões passageiras

Que no coração pujavam nas noites traiçoeiras

E em vez de felicidade, traziam revés e dor,

 

Pra caminhar desprendido, sem alvo certo

E ao final da travessia deste insólito deserto

Transformar minha vida num oceano de amor.

 

                         Marcos Valério de Souza