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Jose Fernando Pinto

Não é a poesia

Hoje resolvi escrever novamente, colocar no papel sentimentos, registrar uns momentos, rabiscar umas linhas. Sem escrever há algum tempo, sem motivo, inspiração ou algo que justifique, resolvi apenas deixar o texto nascer, sem regras ou obrigação estabelecer.


Hoje resolvi escrever novamente, resgatar da minh’alma sentimentos esquecidos, pecados remidos ou apenas a lembrança de outrora. Quando escrevo é assim, sem datas, sem nomes, sem horas, apenas a faísca que move a vida, a dor, o amor, a despedida.


Hoje resolvi escrever novamente, resgatei na memória as madrugadas silentes que atravessei, as noites frias que eu chorei sem esperança para o dia seguinte, sem vontade de lutar, aprisionado pelo medo de errar, sem sorrisos ou abraços precisos pra encontrar.


Hoje resolvi escrever novamente, com raiva da vida, a alma ferida, decidi colocar no papel um pouco do meu sofrer, das dificuldades em sobreviver quando o amor não encontra saída, não sei mais o que é sonho, o que é pesadelo, o que resta da vida.


Hoje resolvi escrever novamente, perdido em pensamentos, anestesiado pelas canções, decidi rabiscar enquanto ouvia os passarinhos. Lá fora voavam como se o mundo não importasse mais, canários, andorinhas, pardais, sem medo, sem direção, apenas o vento atravessando suas asas.


Hoje resolvi escrever novamente, pensei nas palavras, nas rimas por acontecer, na grafia, nos pontos, no título a estabelecer, mas aprendi com os passarinhos que pouco importa o que eu tenho a dizer, se eu voar por aí, não é a poesia que vai importar, é a minha alegria, que às vezes contagia quem está a chorar.

 

Jose Fernando Pinto