Entre as ovelhas e as rosas,
Existe uma sombra que nunca foi vista
E há uma canção em meus lábios…
Entre as igrejas e as crianças,
Existe um céu que nunca foi amado
E há uma canção em minha alma…
Entre as sombras e as velas,
Existe uma ovelha que nunca foi recuperada
E há uma canção em meus suspiros…
Se o mundo fosse justo,
Se as estrelas fossem visíveis de dia,
Se os céus fossem amados toda noite,
Se as nuvens se deitassem sobre nós…
Se o mundo fosse verdadeiro,
Se as crianças vivessem sempre puras,
Se os deuses nunca morressem no esquecimento,
Se as rosas se deitassem sobre nossas sombras…
Talvez nós teríamos paz e liberdade…
…mas aqui, nesta cela, nesta caverna, nesta solidão,
Só há eu mesmo e uma canção que já não existe mais…
Ame, leitor, ame…
Pois as ondas arrancam até mesmo a última lágrima de nossos rostos,
Pois os ventos chicoteiam até mesmo o último peregrino do inverno,
Pois qualquer coisa se vai… junto das estátuas dos nossos antigos reis…
Ame, leitor, chame…
Pois a chama se foi,
Pois a vela derreteu,
Pois a esperança não voltou…
Mas ela um dia voltará para nós, os últimos soldados do Amor…
…e ela será igual às estrelas que um dia nós admiramos
E que, em uma noite fria, cantaram a última canção da Humanidade…
Ame, leitor… para não se tornar a ovelha errante que eu sou!