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Victor Severo

Esperança.

Que essa luz não apague, antes que eu acabe, o que tenho para dizer.

Que o céu não desabe, porque um dia, quem sabe, tu virás me socorrer.

Que todo poeta se cale, que todo narrador não narre o que irá suceder.

Que todo o mal se esmigalhe, girando em ziguezague, sem santo pra lhe valer.

 

Que esse navio encalhe, que esse fogo se espalhe, como cinzas de um vulcão.

Que todo esse leite coalhe, que na madeira se entalhe, segredos de uma paixão.

Que todo movimento pare, e que ninguém mais repare, no cisco do seu irmão.

Que todo o perfeito falhe, a empáfia achincalhe, com injúrias e maldição.

 

Que todo o inteiro quebre, que queime em ardente febre, em sete anos de azar.

Que corra que nem uma lebre, o mal consigo carregue, pra nunca mais retornar.

Que desista, se entregue, àquele que lhe persegue, é improfícuo lutar.

Reconheça, nunca negue, seja frio com a neve, tudo um dia irá passar.

 

Que tudo que é bom germine, que padeça todo o crime, sem ar para respirar.

Que a tocha do bem ilumine, sepulte tudo o que oprime, nas águas fundas do mar.

Que todo ser abomine, o que a imperfeição exprime, nesse longo caminhar.

Que o bem que a todos redime, perfeição eterna e sublime, seja nosso eterno lar.